terça-feira, 18 de dezembro de 2007

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Zen em quadrinhos

Tsai Chih Chung
Zen em Quadrinhos
(Zen Speaks)
Tradução Clara Fernandes
Ediouro (Doubleday)
1997 (1994)
Esgotado

sábado, 8 de dezembro de 2007

O Espírito do Aikido

O Espírito do Aikido: Aprendendo, Sentindo e Transmitindo a Essência
por
Kanshu Sunadomari
www.aikidojournal.com

“Bu (do) é amor. O verdadeiro Caminho marcial do Japão é um espírito de paz que luta para pacificar o conflito antes que ele se manifeste. Isso é (o caminho do) Aikido

Em épocas passadas, o Caminho das artes marciais era uma ferramenta usada para matar e conquistar. Ainda quando tudo era dito e feito, tal Caminho era ‘desencaminhado’ e levava a autodestruição. Aikido, no entanto, é (o Caminho da) harmonia, é a manifestação do vasto e fundamental universo. Sem a compreensão desse espírito é impossível haver progresso no Aikido e (praticá-lo) não tem nenhum significado. Nutrindo essa compreensão, Aikido também se torna um método de autodefesa e um regime de saúde e beleza.” - Palavras do Fundador, Morihei Ueshiba.
Esse texto foi retirado de uma entrevista do Fundador em Maio 26, 1961 durante uma visita a Kumamoto.
Uma vida de treinamento: Perseguindo Técnicas que tocam o coração do nosso parceiro
O seguinte texto é formado por instruções dadas por Sunadomari sensei no 351o seminário de faixas – pretas, em 23 de janeiro de 2005, na cidade de Kumamoto, Japão.

A pratica do Taisabaki (o desvio do corpo)
Em casos onde o nosso parceiro nos ataca de uma distancia, taisabaki é da maior importância. Sem ser capaz de rodar ou virar o corpo adequadamente é impossível absorver o ataque e você vai inevitavelmente entrar em conflito com o atacante. Virar e rodar os quadris é extremamente importante. É mais essencial conectar harmoniosamente com o atacante do que tentar derruba-lo. Ao liberar força, com a tensão do corpo e virando nossos quadris nós podemos nos esquivar de um ataque. Através da pratica desse tipo de taisabaki, nós podemos continuar a treinar e a executar técnicas por toda a nossa vida até quando estivermos na velhice.

O esforço em desenvolver técnicas que transportam o seu espírito
Nós devemos desenvolver técnicas que incorporem e expressem nossos espíritos. Quando envelhecemos, técnicas que não transmitem o espírito através do corpo físico não possuem significado algum. Pregar sobre o amor sem ser capaz de transmiti-lo a outros é infrutífero. Temos que alcançar um ponto em que consigamos manifestar fisicamente o espírito através do nosso corpo. Justamente o que o Fundador se referia em suas palavras “Aiki é amor” e “fazer com que o inimigo deixe de ser inimigo?”. Precisamos gastar uma quantidade significativa de tempo estudando como incorporar essas idéias em nossas técnicas.

O uso crescente da força física leva para a autodestruição
Taisabaki é mais importante quando lidamos com um ataque de uma certa distância. Em casos em que seu oponente estiver perto, você não deve apelar para a força física quando estiver sendo agarrado ou tocado. Fazer isso só cria conflito entre você e ele/ela. Se você for duro, você será derrotado no instante que o atacante fizer contato. Mantendo a intenção de confiar no atacante é essencial. Através desse estado de coração e mente é possível lidar com o seu oponente livremente. No instante em que você é tocado, deve segurar o parceiro conectando-se com ele. Você pode achar que se fizer isso contra um atacante agarrando com muita força você será parado. Ao contrário, contra atacantes hostis, as técnicas de Aiki Manseido vão arremessá-los com uma força proporcional à força que eles usam. Quanto mais força física alguém usar, maiores serão os danos provocados a ele mesmo. Esse é um jeito de manifestar o espírito através do corpo físico. Em tal Caminho, nós podemos demonstrar claramente para outras pessoas que contar com apenas força física levara a esse final. Eu sinto que é importante treinar Aikido por toda a nossa vida com esse propósito em mente, de adicionar ao treinamento a melhora do espírito e manter a saúde.

O Corpo é um veículo para o Espírito
Recentemente, incidentes de crimes violentos estão aumentando cada vez mais e mais, fato notado pelos jornais e no dia a dia. Eu interpreto isso como um sinal de que os corações de todos estão “murchando”. Uma “pessoa” é um espírito em um corpo físico. (Em japonês, “hito”, a palavra para pessoa, pode ser escrita com dois caracteres kanji que representam “espírito/alma”, “consertar”, “amarrar” ou “manter”). Durante nossas vidas, nossas aspirações e o propósito por trás de nossas ações nos formam e podem servir para elevar e melhorar nosso espírito ou nos tornar presas das tentações do mal.
Direcionando nossas Visões na Realização da Visão do Fundador de um “Paraíso na Terra”
Nós devemos treinar continuamente e transmitir para outros o Espírito do Aikido que o Fundador deixou para nós. O Fundador disse que a missão do Aikido é criar um Paraíso na Terra. Além do mais ele declara que “as artes marciais são um caminho em que nós cumprimos nossa missão divina de tornar o espírito do Universo nosso espírito e nutrir dentro de nós uma proteção amorosa por todas as coisas”. O espírito de proteção amorosa por tudo leva a um sentimento de Irmandade entre todas as pessoas na Terra. Não existem coisas tais como “inimigo” ou “aliado”. Através do treinamento com esse sentimento um mundo maravilhoso vai nascer.
A cada seminário, participantes se enfileram e Sunadomari sensei permite que cada um agarre o seu pulso e sentir a sua técnica. Esse método nos permite sentir seu poder Kokyu e “pegar” a sensação do estado mente/espírito que ele desenvolveu como resultado de mais de sessenta anos de pratica. No instante em que alguém o agarra o poder de luta desaparece e uma energia igual á força do ataque retorna para você. Na fração de um segundo se tornar sensitivo e perceptivo o bastante para alcançar a essência do movimento do sensei Sunadomari é algo extremamente difícil de se conseguir.
Durante seu ultimo seminário, o sensei falou especificamente sobre “a importância de ter um propósito bem definido para nossas ações”. Previamente ele também mencionou “a importância de agir no momento enquanto se está em uma idade em que se pode mover livremente”. Como um membro da sociedade na casa dos vinte anos essas palavras tocaram –me profundamente. Para jovens adultos como eu, uma época em que iremos nos deparar com numerosos problemas sociais e em que devemos assumir o papel principal se aproxima. Com isso em mente, eu sinto que agora é a época de aprender da sabedoria e experiências dos nossos idosos e considerar profundamente nosso propósito e ir adiante em nossas vidas.

Esse texto acima foi editado e traduzido em inglês por Dennis Clark

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Segundo Parágrafo

Novamente comentando o livro "A Iluminação através do Aikido" de Kanshu Sunadomari, o texto "O Espírito do Manseido Aiki", diz:

Aiki é AMOR. É o caminho que leva nosso coração à união total com o espírito do universo de modo a completar nossa missão na vida, enchendo-nos de AMOR e reverência por toda a Natureza. Aiki é maior do que o "self". Não só tira a hostilidade de nosso coração mas, ao transformar aqueles que nos parecem inimigos não mais em inimigos, nos leva à perfeição absoluta de nosso "self". Essa arte marcial é o caminho e o chamado supremo para a união do corpo e do espírito dentro das leis do Universo.

No segundo parágrafo, qual é o significado de "self"?

Com Hartmann, criador da Escola da Psicologia do Ego, o vocábulo ego passa a designar uma das instâncias psíquicas, sendo, portanto apenas uma importante subestrutura da personalidade, tal como foi descrita por Freud. O termo self, de sua parte, foi conceituado como a “imagem de si-mesmo” sendo composto de estruturas, entre as quais consta não somente o ego, mas também o id, o superego e, inclusive, a imagem do corpo, ou seja, a personalidade total.

Com outras palavras, pode-se dizer que Hartmann postulou uma diferenciação entre ego-função (um conjunto de funções, tanto as conscientes como as provindas do inconsciente) e ego-representação, que alude à imagem de si mesmo, ou seja, do self. Ambos os aspectos são indissociados e criam um paradoxo intelectual: embora seja mais abrangente e amplo do que o ego, é o self que está representado (como que contido e fotografado) dentro do primeiro.

Tentando traduzir tudo isso, self seria a representação que tenho de mim mesmo, ou seja, como me vejo.

Deste modo:
Aiki é maior do que como me vejo (olhando pro meu umbigo). Que pratico Aikido não para mim, mas para a sociedade, para os outros.
Devo perceber que faço parte de algo muito maior. Que minha participação nisso tem de ser a melhor possível, para que o todo seja bom e honesto. Para que a sociedade onde vivo seja melhor e honesta.

Por isso, não treine para si. Treine para os outros. Você está fazendo uma pequena parte para que todos tenhamos uma vida melhor.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Falando de Amor

Em seu livro "A Iluminação através do Aikido" Kanshu Sunadomari sempre se reporta a uma certa faixa que O'Sensei escreveu e lhe presenteou, acho que em 1954 quando Sunadomari começou a ensinar Aikido em Kumamoto. O texto, conhecido como "O Espírito do Manseido Aiki", diz:

Aiki é AMOR. É o caminho que leva nosso coração à união total com o espírito do universo de modo a completar nossa missão na vida, enchendo-nos de AMOR e reverência por toda a Natureza.
Aiki é maior do que o "self". Não só tira a hostilidade de nosso coração mas, ao transformar aqueles que nos parecem inimigos não mais em inimigos, nos leva à perfeição absoluta de nosso "self".

Essa arte marcial é o caminho e o chamado supremo para a união do corpo e do espírito dentro das leis do Universo

Sonadomari várias vezes se reporta a este texto e dá a entender que foi um dos fatores da sua iluminação, ou da forma como ele evoluiu no seu Aikido. Muitas vezes lemos coisas sem procurar o seu verdadeiro significado. Lógico que esse significado pode ser mudado nas traduções do japonês para o inglês e, após, do ingês para o português. Mas como fazer para recuperar esse significado perdido? Deste modo começo pela terceira palavra AMOR. Qual é o significado de AMOR?

Outro livro, "O Monge e o Executivo" de James C. Hunter, fala que para a língua grega amor tem quatro significados distintos. Há quatro palavras para designar "amor": eros, storgé, philia e ágape.
Eros
expressa uma espécie de amor estético, romântico. E em eros existe algo de belo, mesmo nas suas expressões românticas. Alguns dos mais belos exemplos de amor no mundo foram expressos dessa maneira. Eros deriva da palavra erótico, e significa o sentimento baseado em atração sexual e desejo ardente.
Philia
designa uma espécie de amor que a gente sente pelas pessoas com que nos damos bem e que também sentem esse mesmo amor por nós.
É o amor social, amor de amigo, de afinidade, patriótico, cívico. É a necessidade de compartilhar algo com alguém. Envolve afeição, e é o que chamamos "amizade".
Storgé é o amor familiar, amor natural de pai para os filhos, do tio para o sobrinho, e vice-versa. Envolve reciprocidade e homogeneidade. É afeição, especialmente com a família e seus membros.
Ágape é compreensão, boa vontade ativa e redentora para com todos os homens. Ágape é um amor espontâneo que nada espera em troca. Os teólogos diriam que é o amor de Deus agindo no coração humano. Quando a gente ama alguém a este nível, ama todos os seres humanos não porque se gosta deles, não porque o seu modo de ser me agrada, mas porque amamos. É um amor incondicional, baseado no comportamento com outros, sem exigir nada em troca. É o amor da escolha deliberada.

Uma interpretação apropriada para a nossa questão seria o amor ágape que poderia ser entendido como: amor é o que o amor faz.
Deste modo essa definição de AMOR é de como nós devemos nos comportar perante alguém e não o sentimento ou a emoção por esse alguém.

Poderíamos citar Jesus Cristo:
Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Gálatas 5:14
E o segundo (mandamento), é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Marcos 12:31 e Mateus 22:39
Ou seja, este mandamento é o mais importante, pois engloba todos os outros nove.
Como pode o segundo mandamento, que me parecia quase impossível de seguir (obedecer) possa agora se tornar muito mais fácil, simples. Antes eu pensava: como eu poderia ter um sentimento bom por alguém que eu não conheço, ou melhor por aquele cara que me deu uma fechada no trânsito, ou por aquele outro que furou a fila na entrada do estádio. Agora, eu posso me comportar bem (educadamente) com alguém que eu não conheço, ou pelo mesmo cara que me deu uma fechada no trânsito, ou pelo outro do estádio.

Voltando ao começo desse texto, Aiki é AMOR. É uma ferramenta (meio) pelo qual nós podemos nos comportar com qualquer pessoa, da mesma forma como gostaríamos que ela se comportasse conosco.

Por isso, parafraseando Jesus Cristo, ama ao teu próximo como a ti mesmo. Faça para o teu próximo o que você quer que ele faça a você.
Tenha um comportamento na sociedade em que você vive como você gostaria que as outras pessoas se comportassem.
Tenha um comportamento no treino como você gostaria que as outras pessoas tivessem.
Treine da forma que você gostaria que as outras pessoas treinassem.
Sinta...
Viva...

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O Treinamento

O Treinamento
Por Roberto Maruyama
Texto extraído do site www.aikidobahia.com.br

A prática do Aikido começa no momento em que se entra no Dojô! Os aikidokas devem procurar seguir determinadas normas de etiqueta durante todo o tempo em que estiverem praticando.
O único caminho para se desenvolver no Aikido é através de um treinamento continuado. Por isso, um aluno que não comparece com regularidade nos treinos dificilmente irá avançar no seu aprendizado. Também é preciso ter em mente que mais vale uma aula por dia durante os 5 dias da semana do que 5 aulas consecutivas em um dia apenas. O Aikido é uma técnica bastante refinada, e tanto o corpo quanto a mente precisam de tempo para assimilarem as técnicas aprendidas. Ainda, a prática do Aikido favorece o exercício da auto-disciplina, que por sua vez começa com o comparecimento regular aos treinos.
O aluno é o principal responsável pelo seu desenvolvimento no Aikido. Tanto o sensei como os alunos mais avançados irão apenas mostrar o caminho a ser seguido, mas quem vai percorrê-lo será o próprio aluno. Além disso, parte considerável do aprendizado vem da observação eficiente das técnicas mostradas. Antes de pedir ajuda ao sensei, recomenda-se que o aluno primeiro procure entender observando seus parceiros e depois tente imitá-los.
O treinamento de Aikido se dá de uma forma cooperativa, não competitiva.
Técnicas são aprendidas através do treinamento com um parceiro, não um oponente.
O praticante deve estar sempre atento, no sentido de poder sempre controlar a velocidade e a potência dos golpes de acordo com as habilidades de seu parceiro.
Às vezes, o treino de Aikido poderá ser um pouco frustrante. Aprender a conviver com essa ocasional frustração também faz parte do aprendizado. Praticantes precisam observar dentro de si mesmos para descobrir a origem desta frustração e insatisfação com o seu progresso nos treinamentos. Às vezes a causa é na verdade uma tendência em comparar-se com outros praticantes. E esta comparação é, na sua essência, uma forma de competição. É uma atitude muito digna admirar o talento dos outros e tentar estimulá-los de alguma forma, mas deve-se tomar cuidado para não ocorrerem comparações, evitando-se futuros ressentimentos e auto-críticas desnecessárias.
A mente e o corpo devem ser dirigidos, ambos, para a mesma tarefa. A mente guiando e o corpo seguindo. Às vezes a mente e o corpo se opõem porque trabalham em direções opostas, fazendo com que nos tornemos menos eficientes em tudo que tentamos fazer.
Em Aikido não usamos a força física, de uma forma bruta. Ao contrário, aprendemos a relaxar todo o corpo para que a mente comande, sem inibições, a ação física. Como a força está também na mente e não somente no corpo, o Aikido é igualmente eficiente para homens, mulheres, jovens e idosos.
As técnicas do Aikido envolvem inúmeros métodos ou movimentos diferentes. O Aikido pode ser empregado de uma posição sentada ou em pé, com ou sem armas, como a espada e o bastão. Aprendemos a nos defender contra todas as formas concebíveis de ataque, incluindo ataques em grupo.
No treino o Aikido toma a forma da esgrima japonesa. Estudamos a relação dos quadris com as mãos e os pés, usada na esgrima e a aplicamos então nas técnicas de Aikido. Aikido é uma arte diversificada e não uma rotina monótona e cansativa.
Podemos treinar indefinidamente e sentir que há sempre mais a aprender.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Kaiten-nage

Kaiten-nage
projeção por rotação
Técnica de Aikido que consiste na projeção por rotação do braço do adversário.
Rotacionar um dos braços do uke para baixo fazendo com que ele abaixe a cabeça, assim pode-se segurar (aprisionar) a cabeça dele próximo ao hara (do nage) e finalizar com a projeção.


Para o nage: Uma mão vai de encontro ao joelho ao mesmo tempo em que a outra mão vai em direção à cabeça do uke.
No youtube tem um vídeo do Moriteru Ueshiba executando o kaiten nage.
http://www.youtube.com/watch?v=J4HHG-5eRMs

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Como treinar

Um mestre Zen recebeu um visitante que queria saber tudo sobre o Zen. Em vez de escutar, porém, o visitante simplesmente passou a expor suas idéias, enquanto o mestre servia o chá.
O mestre verteu o chá na xícara do visitante até enchê-la e continuo a servi-lo.
Finalmente o visitante não pode mais se conter:
"Não está vendo que minha xícara está cheia?" Perguntou. "Não conseguirá enchê-la mais!"
"O senhor tem razão" Respondeu o mestre. E, após uma pausa, completou, "Como esta xícara de chá, o senhor está cheio de suas próprias idéias. Como pode esperar que eu lhe sirva o Zen, a menos que me ofereça uma xícara vazia?"
Isso significa também vir sem expectativas, para não correr o risco de encontrar algo de que não se gosta.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Otoshi

ude otoshi
Controle do cotovelo.
Nesta técnica deve-se controlar o cotovelo do uke com a palma da mão e procurar deslocar o ombro dele na projeção.
O controle do uke ocorre empurrando seu cotovelo em direção ao ombro, isto é, com esse controle o braço do uke fica parecido com uma lança.
Este movimento é muito similar ao tenbin nage.

juji garami
Derrubar, imobilizar cruzando-se os braços.
A técnica consiste em controlar o cotovelo do uke com o seu outro braço. Para isso eles deverão ficar cruzados, como em um nó. Depois projetá-lo.

ude nobashi
Esticar o braço
Técnica que é uma mescla de outras duas: ikkyo + gokyo; e também muito similar ao ude otoshi, mas o controle do braço ocorre pela tração. Assim enquanto uma mão empurra o cotovelo do uke para baixo, a outra puxa o braço para frente, como se estivesse desembainhando uma espada.
Com uma mão deve-se estirar, desequilibrar esticando o uke, quebrando sua postura; e com a outra controlar o movimento através do cotovelo ao mesmo tempo empurrando-o para baixo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Yonkyo

Yonkyo
Tekubi osae - controle do pulso

Para essa técnica utiliza-se da pressão do lado interno ou externo da região pulso-antebraço.
Deste modo pode-se controlar o uke até que se leve o seu ombro ao chão, para então executar a finalização.

Essa pressão será executada pela articulação da falange e o metacarpo do dedo indicador.

O yonkyo ura, pode ser comparado com o movimento da espada. Saindo da posição (kamae) hasso, cravar a ponta da espada no chão. Dessa forma, aplicando a pressão no antebraço, e deixando o uke na ponta dos pés, colocar o cotovelo do uke no chão, como se fosse a espada.
Pode-se também executar esse mesmo movimento, mas sem deixar que o uke fique em pé. Antes dele levantar (ou se equilibrar) crava-se o cotovelo no chão.

Ashi otoshi
Mesmo princípio, mas aplicando a pressão no tornozelo.

Anatomia

Em anatomia, chama-se antebraço à parte da extremidade superior ou membro superior do homem situada entre o cotovelo e o carpo (ou pulso).
O antebraço é formado pelos ossos ulna e rádio, ligados por uma membrana interóssea.
Para além de se articular com o cotovelo, o antebraço tem dois movimentos próprios, a pronação e a supinação e, por essa razão, tem músculos específicos para esses movimentos, para além de albergar os músculos flexores e extensores dos dedos.
O movimento em relação ao cotovelo é realizado pelo músculo braquiorradial.
Em secção transversal, o antebraço encontra-se dividido em dois compartimentos fasciais: o compartimento posterior contém os extensores das mãos, que são comandados pelo nervo radial; o compartimento anterior contém os flexores, comandados pelo nervo mediano.
As artérias radial e ulnar e as suas ramificações fornecem o sangue ao antebraço e normalmente encontram-se na face anterior do rádio e da ulna, ao longo de todo o membro.
As principais veias superficiais do antebraço são a veia cefálica, a antebraquial média a basílica. Estas veias são muitas vezes usadas para a canularização ou venipunctura, embora a fossa cubital seja o lugar preferido para a extração de sangue.
Fonte: wikipidia.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Você sabe o que está fazendo?

Quem mexeu no meu Queijo?
Spencer Johnson

O Dr. Johnson escreveu muitos best sellers. Seus livros freqüentemente são tema de reportagens na mídia, inclusive na CNN, em USA Today, Oprah Winfrey, The Larry King Show, Associated Press, The Washington Post e United Press International.
Há mais de onze milhões de cópias dos livros de Johnson publicadas em vinte e seis idiomas.
Sua educação inclui um B.A. em psicologia da University of Southern Colifornia, um M.D. do Royal College of Surgeons e trabalhos realizados para a Harvard Medical School e The Mayo Clinic.

É uma parábola que revela verdades profundas sobre mudança. Dois ratinhos e dois homenzinhos vivem em um labirinto em busca de queijo – uma metáfora para o que se deseja ter na vida: seja um bom emprego, um relacionamento amoroso, dinheiro, saúde ou paz espiritual. Um deles é bem-seucedido e escreve o que aprendeu com sua experiência nos muros do labirinto. As palavras rabiscadas nas paredes ensinam a lidar com a mudança para viver com menos estresse a alcançar mais sucesso no trabalho e na vida pessoal.

Há muito tempo, em um país muito distante, quando as coisas eram diferentes, havia quatro pequenos personagens que corriam através de um labirinto à procura de queijo para alimentá-los e fazê-los felizes.
Dois eram ratos, chamados Sniff e Scurry, e dois duendes - seres tão pequenos quantos os ratos, mas que se pareciam muito com as pessoas de hoje, e agiam como elas. Seus nomes eram Hem e Haw.
Devido ao seu pequeno tamanho, era fácil não notar o que os quatro faziam. Mas se olhasse bem de perto, descobri-se-iam as coisas mais surpreendentes!
Todos os dias os ratos e os duendes procuravam no labirinto seu próprio queijo especial. Sniff e Scurry, possuindo apenas cérebros simples de roedores, mas instintos aguçados, procuravam pelo queijo duro de roer de que gostavam como os ratos costumam fazer.
Os dois pequenos duendes, Hem e Haw, usavam seus cérebros, cheios de muitas crenças, para procurar um tipo muito diferente de Queijo – com Q maiúsculo – que achavam que os tornaria felizes e bem-sucedidos.
Embora os ratos e duendes fossem diferentes, tinham algo em comum: todas as manhãs vestiam roupas de correr e tênis, saíam de suas pequenas casas e corriam para o labirinto à procura de seus queijos favoritos.
O labirinto era um emaranhado de corredores e divisões, algumas contendo um queijo delicioso. Mas também havia cantos escuros e becos sem saída. Era um lugar fácil para se perder. Contudo, para aqueles que encontravam seu caminho, o labirinto tinha segredos que lhes permitiam ter uma vida melhor.
Os ratos, Sniff e Scurry, usavam o método simples, porém ineficiente, das tentativas de encontrar queijo. Eles corriam por um corredor e, se o encontrassem vazio, viravam-se e corriam por outro.
Sniff farejava a direção do queijo, usando seu grande focinho, e Scurry corria na frente. Como se poderia esperar, eles se perdiam, seguiam pelo corredor errado e freqüentemente se chocavam nas paredes.
Mas os dois duendes, Hen e Haw, usavam um método diferente e confiavam em sua capacidade de pensar e aprender com suas experiências, embora às vezes ficassem confusos com suas crenças e emoções. Finalmente, usando seus próprios métodos, todos eles descobriram o que estavam procurando – um dia, encontraram seu próprio tipo de queijo no final de um dos corredores no Posto C de Queijo.
Depois disso, todas as manhãs os ratos e os duendes vestiam suas roupas de correr e seus tênis e se dirigiam ao Posto C.
Não demorou muito para uma rotina ser estabelecida.
Sniff e Scurry continuaram a acordar cedo todos os dias e correr pelo labirinto, seguindo sempre o mesmo caminho.
Quando chegavam a seu destino, os ratos tiravam os tênis, amarravam o cadarço de um dos pés no do outro e os penduravam nos pescoços – para ser possível calçá-los rapidamente sempre que necessário. Então comiam o queijo.
Uma rotina diferente foi estabelecida pelos duendes. Hem e Haw acordavam todos os dias um pouco mais tarde, vestiam-se sem muita pressa e caminhavam até o Posto C. Afinal de contas, agora sabiam onde o Queijo estava e como chegar lá. Eles não tinham idéia de onde o Queijo vinha. Simplesmente presumiam que estaria naquelelugar.
Todas as manhãs, logo que chegavam ao Posto C, eles se instalavam ali sem a menor cerimônia. Penduravam as roupas de correr e tiravam os tênis, porque achavam que não precisariam deles de novo, agora que haviam encontrado o Queijo.
- Isso é ótimo – dizia Hem. – Há Queijo suficiente aqui para nos alimentar para sempre. – Os duendes sentiam-se felizes e bem-sucedidos, e achavam que agora estavam seguros. Logo Hem e Haw passaram a considerar o Queijo que encontravam no Posto C seu Queijo. O estoque era tão grande, que eles acabaram se mudando para mais perto do Posto C, e criaram uma vida social ao seu redor.
Para se sentir mais em casa, decoraram as paredes com frases e até mesmo as contornaram com desenhos do Queijo, que os faziam sorrir. Umas das frases dizia:

Ter Queijo
O faz
Feliz.

Às vezes Hem e Haw levavam seus amigos para ver sua pilha de Queijo no Posto C e apontavam para ela com orgulho, observando:
- É um Queijo muito bom, não é? – Às vezes o ofereciam a eles, às vezes não.
- Nós merecemos este Queijo – disse Hem. – Tivemos de nos esforçar muito para encontrálo.
– Ele pegou um pedaço de queijo fresco e o comeu.
Então caiu no sono, como costumava fazer. Todas noites os duendes andavam bamboleando para casa, cheios de Queijo, e todas as manhãs voltavam confiantemente para pegar mais. Isso aconteceu durante algum tempo.
Pouco a pouco a confiança de Hem e Haw se transformou em arrogância. Logo eles passaram a se sentir tão tranqüilos que nem mesmo perceberam o que estava acontecendo.
Enquanto o tempo passava, Sniff e Scurry mantinham a sua rotina. Chegavam cedo todas as manhãs, farejavam o queijo, arranhavam-no e corriam pelo Posto C, inspecionando a área para saber se tinha havido mudanças desde o dia anterior. Então se sentavam para roer o queijo.
Uma manhã eles chegaram ao Posto C e descobriram que o queijo havia desaparecido. Sniff e Sucurry não ficaram surpresos. Desde que perceberam que o estoque estava diminuindo a cada dia, prepararam-se para o inevitável e sabiam instintivamente o que fazer. Eles olharam um para o outro, pegaram os tênis que tinham pendurado nos pescoços e os calçaram e amarraram.
Os ratos não analisavam demais as coisas. E não tinham muitas crenças complexas. Para ele o problema e a solução eram simples. A situação no Posto C havia mudado. Por isso, Sniff e Scurry decidiram mudar. Ambos olharam para o labirinto. Então Sniff ergueu o focinho, farejou e fez um sinal afirmativo com a cabeça para Scurry, que começou a correr pelo labirinto, enquanto Sniff o seguia apressadamente.
Eles partiram logo à procura do novo queijo. Mais tarde, Hem e Haw chegaram ao Posto C. Eles não haviam prestado atenção às pequenas mudanças que ocorriam diariamente, por isso tinham como certo que seu Queijo estaria lá. Não estavam preparados para o que descobriram.
– O quê? Não há Queijo? – gritou Hem. Ele continuou a gritar: – Não há Queijo? Não há Queijo? – como se gritando muito alguém fosse colocá-lo novamente no Posto C.
– Quem mexeu no meu Queijo? – berrou.
Finalmente, Hem pôs as mãos nos quadris, seu rosto foi ficando vermelho, e gritou o mais alto que pôde:
– Isso não é justo!
Haw apenas balançou a cabeça, incrédulo. Ele também havia achado que encontraria Queijo no Posto C. durante muito tempo, ficou paralisado com o choque. Simplesmente não estava preparado para o que ocorrera.
Hem estava gritando algo, mas Haw não queria ouvi-lo. Não queria enfrentar a situação, por isso apenas “saiu do ar”. Embora o comportamento dos duendes não fosse muito correto ou produtivo, era compreensível.
Encontrar Queijo não era fácil, e aquilo significava muito mais para os duendes do que apenas ter o suficiente para comer todos os dias.
Encontrar Queijo era o seu modo de obter o que achavam que os tornaria felizes. Tinham suas próprias idéias do que o Queijo significava para eles, dependendo de seu sabor.
Para alguns, encontrar Queijo era ter coisas materiais. Para outros era ter boa saúde, ou uma sensação de bem-estar espiritual. Para Haw, encontrar Queijo significava apenas sentir-se seguro, ter um dia uma família amorosa e viver em um chalé confortável na rua Cheddar.
Para Hem, significava alcançar o sucesso, ser responsável por outras pessoas e ter uma grande casa no topo da Colina Camembert.
Como o Queijo era importante para os dois duendes, eles passaram muito tempo tentando decidir o que fazer. Tudo em que podiam pensar era em continuar olhando para o Posto C vazio para ver se o Queijo realmente não estava mais lá.
Enquanto Sniff e Sucurry seguiam rapidamente em frente, Hem e Haw continuavam indecisos. Eles reclamavam da injustiça daquilo tudo. Haw começou a ficar deprimido. O que aconteceria se o Queijo não estivesse no Posto C no dia seguinte? Ele fizera planos para o futuro baseado naquele Queijo.
Os duendes não conseguiram acreditar naquilo. Como podia ter acontecido? Ninguém os prevenira. Não estava certo. Não era assim que as coisas deviam ser.
Naquela noite, Hem e Haw foram para casa famintos e desencorajados. Mas antes de partir, Haw escreveu na parede:

Quanto mais importante
seu Queijo é para você menos
você deseja abrir mão dele.

No dia seguinte Hem e Haw saíram de suas casas e voltaram ao Posto C, onde ainda esperavam encontrar o seu Queijo.
A situação não mudara. O Queijo desaparecera. Os duendes não sabiam o que fazer. Hem e Haw apenas ficaram em pé no Posto C, imóveis como duas estátuas.
Haw fechou os olhos o máximo que pôde e colocou as mãos sobre as orelhas. Só desejava tirar aquilo tudo da mente. Não queria admitir que o estoque havia pouco a pouco diminuído. Acreditava que tinha sido subitamente tirado do lugar.
Hem analisou muitas vezes a situação e finalmente seu cérebro complicado com seu enorme sistema de crenças assumiu o comando.
- Por que fizeram isso comigo? – perguntou. – O que está realmente acontecendo aqui? Finalmente, Haw abriu os olhos, olhou ao redor e disse:
- Onde estão Sniff e Scurry? Você acha que eles sabem algo que nós não sabemos?
Hem zombou dele:
- O que poderiam saber?
- São apenas ratos. Só reagem ao que acontece. Nós somos duendes. Somos especiais. Deveríamos ser capazes de entender esse fato. Além do mais. Merecemos o melhor.
- Isso não deveria ter acontecido conosco, ou se acontecesse, pelo menos deveríamos obter alguns benefícios.
- Por quê? – perguntou Haw.
- Porque temos direito – respondeu Hem.
- Direito a quê? – quis saber Haw.
- Ao nosso Queijo.
- Por quê? – perguntou Haw.
- Porque não causamos este problema – disse Hem. – Alguém o causou, e deveríamos tirar algum proveito disso.
- Talvez devêssemos parar de analisar tanto a situação e ir procurar um Novo Queijo – sugeriu Haw.
- Ah, não – argumentou Hem. – Vou tirar isso a limpo.
Enquanto Hem e Haw ainda tentavam decidir o que fazer, Sniff e Scurry já estavam longe. Vasculhavam os corredores do labirinto, procurando queijo em todos os Postos de Queijo que encontravam.
Eles não pensavam em nada além de encontrar um novo queijo.
Durante algum tempo não encontraram nenhum, até que finalmente entraram em uma área do labirinto onde nunca haviam estado: o Posto N de Queijo.
Eles chiaram de alegria. Descobriram o que estavam procurando: um grande estoque de um novo queijo.
Os ratos mal podiam acreditar em seus olhos. Aquele era o maior estoque de queijo que tinham visto.
Nesse meio tempo, Hem e Haw ainda estavam no Posto C, analisando a situação. Agora sofriam os efeitos da falta do Queijo. Estavam ficando frustrados e irritados, culpando um ao outro pelo que acontecera.
De vez em quando Haw pensava em seus companheiros, Sniff e Scurry, e se perguntava se eles haviam encontrado algum queijo. Ele achava que os ratos poderiam estar passando por momentos difíceis, porque correr pelo labirinto geralmente causava alguns aborrecimentos. Mas também sabia que isso durava pouco tempo.
Às vezes Haw imaginava Sniff e Scurry encontrando um novo queijo e saboreando-o. Pensava em como seria bom aventurar-se no labirinto e encontrar um Novo Queijo fresco. Quase podia sentir seu sabor.
Quanto mais claramente Haw via a sua imagem encontrando e saboreando o Novo Queijo, mais se via saindo do Posto C.
– Vamos! – exclamou de repente.
– Não – respondeu rapidamente Hem. – Eu gosto daqui. É confortável e familiar. Além disso, é perigoso lá fora.
– Não, não é – argumentou Haw. – Já corremos por muitas partes do labirinto outras vezes, e podemos correr novamente.
– Estou ficando velho demais para isso – disse Hem. – E não quero me perder e fazer papel de bobo. Você quer?
Ao ouvi-lo, Haw sentiu novamente medo de fracassar e perdeu as esperanças de encontrar um Novo Queijo.
Então todos os dias os duendes continuavam na sua rotina. Iam para o Posto C, não encontravam o Queijo e voltavam para casa, levando suas preocupações e frustrações com eles. Hem e Haw tentaram negar o que estava acontecendo, mas a cada dia tinham mais dificuldade para dormir e menos energia, e se irritavam mais facilmente.
Suas casas não eram os lugares acolhedores que um dia haviam sido. Mas eles ainda voltavam ao Posto C e esperavam lá todos os dias.
– Nós vamos apenas nos sentar e ver o que acontece – dizia Hem. – Cedo ou tarde vão colocar o Queijo aqui de volta.
Haw queira acreditar nisso. Então os duendes simplesmente iam para casa e voltavam para o Posto C. Eles chegavam mais cedo e saíam mais tarde, mas era sempre igual. O Queijo nunca reaparecia.
A essa altura, eles estavam enfraquecidos devido à fome e ao estresse, e Haw estava ficando cansado de apenas esperar que as coisas melhorassem. Sabia que quanto mais tempo ficassem sem Queijo, pior seria.
Haw sabia que eles estavam perdendo o controle da situação. Finalmente, um dia, Haw começou a rir de si mesmo.
- Haw, olhe para você. Faz sempre as mesmas coisas e se pergunta por que elas não melhoram. Se isso não fosse tão ridículo, seria ainda mais engraçado.
Haw não gostava da idéia de ter de correr de novo pelo labirinto, porque sabia que ficaria perdido e não tinha a mínima idéia de onde iria encontrar algum Queijo. Mas teve de rir de sua insensatez quando percebeu o que o medo estava fazendo com ele.
- Onde nós colocamos nossas roupas de correr? – perguntou-lhe Haw.
Eles demoraram muito tempo para encontrá-las, porque as tinham colocado de lado quando encontraram seu Queijo no Posto C, achando que não precisaram mais delas.
Quando Hem viu o amigo se vestindo, disse:
- Você não vai para o labirinto de novo, não é? Por que simplesmente não espera que
coloquem o Queijo ali de volta?
- Você não entende – disse Haw. – Eu também não queria aceitar esse fato, mas agora percebo que O Velho Queijo nunca reaparecerá. Esse foi o Queijo de ontem. É hora de procurar o Novo Queijo.
- Mas e se não houver Queijo lá fora? – argumentou Hem. – Ou, e se houver, e você não encontrá-lo?
- Eu não sei – disse Haw. Ele se fizera aquelas mesmas perguntas muitas vezes e começava a sentir novamente o medo que o paralisava.
Então ele pensou em encontrar o Novo Queijo e em tudo de bom que adviria disso, e reuniu coragem.
– Às vezes – disse Haw – as coisas mudam e nunca mais são as mesmas. Essa parece ser uma dessas ocasiões, Hem. É a vida! A vida segue em frente, e nós também deveríamos fazer o mesmo.
Haw olhou para o emaciado companheiro e tentou chamá-lo à razão, mas o medo de Hem se transformara em raiva, e ele não quis ouvi-lo.
Haw não desejava ser rude com o amigo, mas teve de rir do quanto os dois pareciam tolos.
Ao se preparar para partir, Haw começou a se sentir mais vivo, sabendo que finalmente era capaz de rir de si mesmo, libertar-se e seguir em frente.
– É hora do labirinto! – anunciou ele.
Hem não riu e tampouco respondeu. Haw apanhou uma pedra pequena e pontiaguda e escreveu um pensamento na parede que poderia induzir Hem à reflexão. Como de costume, até mesmo fez o desenho de um queijo ao seu redor, esperando que aquilo ajudasse Hem a sorrir, animar-se e ir procurar o Novo Queijo. Mas o companheiro não quis vê-lo. Ele escreveu:

Se Você Não Mudar, Morrerá.

Então Haw esticou o pescoço e olhou atenta e ansiosamente para o labirinto, pensando em como havia ficado naquela situação de não ter queijo.
Ele achara que poderia não haver Queijo algum no labirinto, ou que talvez não o encontrasse.
Essas crenças assustadoras o estavam paralisando e matando.
Haw sorriu. Sabia que Hem estava se perguntando: “Quem mexeu no meu Queijo?”, mas Haw se perguntava: “Por que eu não me mexi e fui procurar o Queijo mais cedo?”
Ao começou a entrar no labirinto, Haw olhou para o local de onde viera e se deu conta do seu conforto. Podia se sentir sendo arrastado de volta para o território familiar – embora não encontrasse Queijo lá havia algum tempo. Haw ficou mais ansioso e teve dúvidas a respeito de se realmente queira entrar no labirinto.
Ele escreveu uma frase na parede à sua frente e ficou olhando-a durante alguns minutos:

O que Você Faria se Não Tivesse Medo?

Ele refletiu sobre o que havia escrito. Olhou para a direita, para a parte do labirinto em que nunca estivera, e sentiu medo.
Então respirou profundamente, virou para a direita e caminhou bem devagar para o desconhecido.
Ao tentar encontrar o caminho, Haw a princípio se preocupou com a possibilidade de ter esperado demais no Posto C. Ficara sem Queijo havia tanto tempo que agora se sentia fraco. Caminhava mais lento e era-lhe mais penoso do que de costume percorrer o labirinto. Ele decidiu que, se tivesse novamente a chance, adaptar-se-ia mais cedo à mudança. Aquilo tornaria as coisas mais fáceis.
Então Haw esboçou um sorriso ao pensar: “Antes tarde do que nunca”.
Durante ao dias seguintes, Haw encontrou um pequeno pedaço de Queijo aqui e ali, mas nada que durasse muito. Esperara encontrar Queijo suficiente para levar até Hem e encorajá-lo a sair para o labirinto.
Mas Haw ainda não se sentia bastante confiante. Tinha de admitir que o labirinto o confundia. As coisas pareciam ter mudado desde a última vez em que estivera ali.
Quando ele achava que estava seguindo em frente, perdia-se nos corredores. Parecia que dava dois para frente e um para trás. Aquilo era um desafio, mas teve de admitir que estar de volta no labirinto, procurando pelo Queijo, não era tão ruim quanto imaginara.
Com o correr do tempo, começou a ter dúvidas a respeito de se estava sendo realista ao esperar encontrar um Novo Queijo. Perguntou-se se havia abocanhado mais do que poderia mastigar. Então riu, percebendo que não tinha o que mastigar naquele momento.
Sempre que começava a ficar desencorajado, lembrava-se de que o que estava fazendo, independente do quanto fosse desagradável no momento, na verdade era muito melhor do que ficar sem Queijo. Estava assumindo o controle, em vez de simplesmente deixar que as coisas lhe acontecessem. Então Haw se lembrou de que se Sniff e Scurry podiam seguir em frente, ele também era capaz!
Mais tarde, ao pensar sobre o que tinha acontecido, ele percebeu que o Queijo do Posto C não tinha desaparecido da noite para o dia, como uma vez imaginara. Sua quantidade tinha diminuído pouco a pouco, e o que sobrara ficara velho. Não tinha mais um gosto bom.
O Velho Queijo poderia até mesmo ter começado a mofar, embora ele não o tivesse notado.
Contudo, tinha de admitir que, se quisesse, provavelmente teria percebido o que iria acontecer. Mas ele não quis.
Haw agora se dava conta de que a mudança provavelmente não o teria apanhado de surpresa se ele tivesse observado o tempo todo o que estava acontecendo, e a antecipa. Talvez tivesse sido isso que Sniff e Scurry haviam feito. Ele parou para descansar e escreveu na parede do labirinto:

Cheire o Queijo com Freqüência
Para Saber Quando
Está Ficando Velho.

Algum tempo depois, sem ter encontrado Queijo durante o que pareceu uma eternidade, Haw finalmente viu um enorme Posto de Queijo que parecia promissor. Contudo, quando entrou, ficou muito desapontado ao descobrir que estava vazio.
“Tenho tido essa sensação de vazio com muita freqüência”, pensou. Teve vontade de desistir. Haw sentiu que sua força física diminuía. Sabia que estava perdido e tinha medo de não sobreviver. Pensou em dar meia-volta e se dirigir ao posto C. Uma vez que Hem estava lá, se conseguisse voltar, pelo menos não ficaria sozinho. Então ele se fez novamente a mesma pergunta:
“O que você faria se não tivesse medo?”
Ele tinha medo mais freqüentemente do que gostaria de admitir, até para si mesmo. Nem sempre sabia do que, mas, enfraquecido como estava, agora sabia que tinha medo de seguir sozinho. Haw não tinha consciência disso, mas estava ficando para trás porque carregava o peso de suas crenças assustadoras.
Haw desejou saber se Hem havia se mexido, ou se ainda estava paralisado por seus medos.
Então se lembrou das vezes em que se sentira melhor no labirinto – quando estava seguindo em frente. Escreveu uma frase na parede, sabendo que era tanto um lembrete para si mesmo, como uma orientação que esperava que seu companheiro seguisse:

O Movimento em uma Nova
Direção Ajuda-o a
Encontrar um Novo Queijo.

Haw olhou para o corredor escuro e teve consciência do seu medo. O que havia à sua frente? O corredor estava vazio? Ou pior, havia ali perigos ocultos? Ele começou a imaginar todos os tipos de coisas assustadoras que poderiam acontecer-lhe. Estava apavorado.
Então riu de si mesmo. Percebeu que seus temores estavam tornando as coisas piores. Então fez o que faria se não tivesse medo. Seguiu em uma nova direção.
Ao começar a correr pelo corredor escuro, Haw sorriu. Ainda não se dera conta disso, mas estava descobrindo o que alimentava a sua alma. Estava se libertando e acreditando que havia algo de bom à sua frente, embora não soubesse exatamente o que era.
Para surpresa sua, começou a gostar cada vez mais do que estava fazendo. “Por que eu me sinto tão bem?”, perguntou-se. “Não tenho nenhum Queijo e não sei para onde estou indo.”
Não demorou muito para saber o motivo pelo qual se sentia bem. Parou para escrever novamente na parede:

Quando Você Vence
o seu Medo,
Sente-se Livre.

Haw sentiu a brisa fresca que soprava naquela parte do labirinto. Respirou profundamente várias vezes e se sentiu revigorado. Depois que venceu o seu medo, aquilo se revelou mais agradável do que achara que poderia ser.
Não se sentia assim havia muito tempo. Quase se esquecera do quanto era divertido.
Para tornar as coisas ainda melhores, Haw começou a pintar um quadro em sua mente. Ele se viu em grandes detalhes, sentado no meio de uma pilha de todos os seus queijos favoritos – de Velveeta a Brie! Viu-se comendo os muitos queijos de que gostava, e gostou do que viu. Então imaginou o quanto apreciaria todos os seus ótimos sabores.
Quanto mais claramente ele via a imagem do Novo Queijo, mais real se tornava, e mais sentia que iria encontrá-lo. Escreveu:

Imaginar-me
Saboreando o Novo Queijo,
Antes Mesmo de Encontrá-lo,
Conduz-me a Ele.

“Por que eu não fiz isto antes?”, perguntou-se Haw.
Então correu pelo labirinto com mais energia e agilidade. Logo avistou um Posto de Queijo e ficou animado ao notar pequenos pedaços do Novo Queijo perto da entrada.
Eram tipos de Queijo que ele nunca havia visto, mas pareciam ótimos. Haw os experimentou e descobriu que eram deliciosos. Comeu quase todos os pedaços de Novo Queijo que pôde encontrar e colocou alguns no bolso para comer depois e talvez dividir com Hem. Começou a recuperar suas forças.
Haw entrou no Posto de Queijo com grande excitação. Mas, para sua tristeza, descobriu que estava vazio. Alguém estivera lá e deixara apenas os pequenos pedaços.
Ele percebeu que se tivesse saído de onde estava antes, poderia ter encontrado muito Novo Queijo ali.
Haw decidiu ir ver se Hem estava pronto para se unir a ele. Ao voltar sobre seus passos, parou e escreveu na parede:

Quanto mais rápido Você
se Esquece do Velho Queijo
Mais rápido Encontra um Novo.

Depois de algum tempo Haw acertou o caminho para o Posto C e encontrou Hem. Ele lhe ofereceu pedaços do Novo Queijo, mas ficou decepcionado.
Hem apreciou o gesto do amigo, mas disse que não sabia se gostaria do Novo Queijo.
Simplesmente não era aquele a que estava acostumado. Ainda iria esperar o Velho Queijo ser recolocado no Posto.
Haw apenas balançou a cabeça desapontado e, relutantemente, voltou ao labirinto sozinho. Ao chegar ao ponto mais distante que alcançara, sentiu falta do amigo, mas percebeu que gostava do que estava descobrindo. Mesmo antes de encontrar o que esperava que fosse um grande estoque do Novo Queijo, soube que apenas ter Queijo não era o que o tornava feliz.

Haw estava feliz com o que estava fazendo agora. Ele percebeu novamente, como um dia havia percebido, que aquilo que se teme nunca é tão ruim quanto se imagina. O medo que você deixa aumentar em sua mente é pior do que a situação que realmente existe.
Sabendo disso, Haw não se sentia tão fraco como quando permaneceu no Posto C, sem Queijo. O simples fato de decidir que não deixaria seu medo fazê-lo parar, saber que tinha tomado uma nova direção, alimentava-o e o fortalecia.
Agora sabia que encontrar o que precisava era apenas uma questão de tempo. Na verdade, sentia que já havia encontrado. Ele sorriu, ao se dar conta de que:

É Mais Seguro Procurar no Labirinto
do que Permanecer Sem Queijo.

Haw sabia que seu antigo modo de pensar fora afetado por suas preocupações e seus medos. Ele costumara pensar em não ter Queijo suficiente, ou em não tê-lo durante o tempo que desejaria. Pensara mais no que poderia dar errado do que no que poderia dar certo. Mas aquilo mudara desde que saíra do Posto C.
Ele costumara acreditar que o Queijo nunca poderia ser tirado do lugar, e que a mudança não era certa. Agora percebia que era natural que a mudança ocorresse continuamente, sendo ou não esperada. Ela só poderia surpreendê-lo se não a esperasse e procurasse.
Haw mudara as suas crenças. Ele parou para escrever na parede:

Velhas Crenças Não o Levam
ao Novo Queijo.

Haw ainda não encontrara Queijo algum, mas, correndo pelo labirinto, pensou no que havia aprendido. Tinha algumas novas crenças e notou que estava se comportando de modo diferente de quando ficava correndo para o mesmo Posto sem queijo.

Ele sabia que quando você muda suas crenças, pode mudar o que faz.
Pode acreditar que a mudança irá prejudicá-lo, e resistir a ela. Ou que encontrar um Novo Queijo o ajudará, e aceitá-la. Tudo depende daquilo em que escolhemos acreditar.
Ele escreveu na parede:

Quando Você Acredita que
Pode Encontrar e
Apreciar um Novo Queijo,
Muda de Direção.

Haw tinha consciência de que estaria em melhor forma agora se tivesse aceitado a mudança e saído do Posto C mais cedo. Sentir-se-ia mais forte física e espiritualmente, e poderia ter enfrentado melhor o desafio de encontrar um Novo Queijo. De fato, provavelmente já o teria encontrado se tivesse esperado a mudança, em vez de perder tempo negando que ocorrera.
Reuniu coragem e decidiu entrar nas partes mais desconhecidas do labirinto. Encontrou uns poucos pedaços de Queijo aqui e ali e começou a recuperar sua força e confiança.
Ao pensar no lugar de onde viera, Haw ficou feliz por ter escrito em muitas paredes. Achou que suas frases serviriam como uma pista para Hem seguir através do labirinto, se escolhesse sair do Posto C.
Haw só esperava estar indo na direção certa. Pensou na possibilidade de Hem ler O Manuscrito na Parede e encontrar o seu caminho.
Ele escreveu na parede o que estava pensando havia algum tempo:

Notar Cedo as Pequenas Mudanças
Ajuda-o a Adaptar-se às
Maiores que Ocorrerão.

Àquela altura, Haw havia se libertado do passado e estava se adaptando ao futuro.
Ele continuou a percorrer o labirinto com maior força e velocidade. E não demorou muito para algo acontecer.
Quando parecia que estava no labirinto havia uma eternidade, sua jornada terminou rápida e alegremente.
Haw encontrou um Novo Queijo no Posto N!
Quando entrou, ficou surpreso com o que viu. Em altas pilhas por toda a parte estava o maior estoque de Queijo que já encontrara. Haw não reconheceu todos os tipos de Queijo, porque alguns eram novos para ele.
Por um momento Haw se perguntou se o que via era real ou fruto da sua imaginação. Então avistou seus velhos amigos, Sniff e Scurry.
Sniff o recebeu inclinando a cabeça em uma saudação, e Scurry acenou-lhe com a pata. Suas gordas e pequenas barrigas mostravam que estavam ali havia algum tempo.
Haw os cumprimentou rapidamente e logo pegou pedaços de todos os seus Queijos favoritos.
Tirou os tênis e a roupa de correr, dobrando-a cuidadosamente e colocando-a à mão, para o caso de precisar delas de novo. Então se atirou sobre o Novo Queijo. Depois de saciar a fome, ergueu um pedaço de Queijo fresco e fez um brinde.
- Viva a Mudança!
Enquanto Haw saboreava o Novo Queijo, refletia sobre o que aprendera.
Ele percebeu que quando temera a mudança estivera mantendo a ilusão do Velho Queijo que não estava mais lá.
E o que o fez mudar? O medo de morrer de fome? Haw pensou: “Bem, isso ajudou.”
Então ele riu e percebeu que começara a mudar logo que aprendera a rir de si mesmo e do que fizera de errado. Deu-se conta de que o caminho mais rápido para mudar é rir de sua própria insensatez – então você pode se libertar e seguir rapidamente em frente.
Haw soube que tinha aprendido algo útil sobre seguir em frente com seus companheiros ratos, Sniff e Scurry. Eles simplificavam a vida. Não analisavam ou complicavam demais as coisas. Quando a situação mudou e o Queijo foi tirado do lugar, eles mudaram e foram à sua procura. Haw não se esqueceria disso.
Então Haw usou seu cérebro maravilhoso para fazer o que os duendes fazem melhor do que os ratos. Ele refletiu sobre os erros que cometera no passado e os usou para planejar seu futuro. Haw sabia que você pode aprender a lidar com a mudança:
Pode ter mais consciência da necessidade de simplificar a vida, ser flexível e se mover rapidamente. Não precisa complicar demais as coisas ou se confundir com crenças assustadoras. Pode notar quando as pequenas mudanças começam, para estar mais preparado para a grande mudança que pode ocorrer.
Ele sabia que precisava adaptar-se mais rápido, porque se você não se adapta a tempo, talvez nunca venha a se adaptar.
Haw teve de admitir que o maior obstáculo à mudança está dentro de você mesmo, e que nada melhora até você mudar.
Talvez mais importante do que tudo, ele percebeu que sempre há um Novo Queijo em algum lugar, mesmo que você não saiba disso na ocasião. E que esse queijo é sua recompensa quando você vence o seu medo e passa a gostar da aventura.
Ele sabia que um pouco de medo deve ser tomado em consideração, porque pode evitar que você corra um risco real. Mas percebeu que a maioria dos seus medos era irracional e o impedira de mudar quando a mudança se mostrava necessária.
Haw não gostou disso na época, mas sabia que a mudança se revelara um benefício disfarçado, porque o levara a encontrar um Queijo melhor.
Ele até mesmo encontrara uma parte melhor de si mesmo.
Enquanto Haw se lembrava do que havia aprendido, pensava em seu amigo Hem. Desejou saber se Hem havia lido alguma das frases que escrevera nas paredes no Posto C e em todo o labirinto. Hem havia decidido se libertar e seguir em frente? Tinha entrado no labirinto e descoberto o que podia tornar a sua vida melhor?
Haw pensou em voltar ao Posto C para ver se conseguia encontrar Hem – aceitando como hipótese que conseguiria encontrar o caminho de volta. Ele achou que se encontrasse Hem poderia lhe mostrar como sair da situação desagradável em que se encontrava. Mas Haw se deu conta de que já tentara fazer o amigo mudar.
Hem tinha de encontrar o seu próprio caminho, deixando para trás a sua comodidade e os seus medos. Ninguém podia fazer aquilo para ele, ou o convencer a fazê-lo. De algum modo, Hem tinha de ver a vantagem da mudança.
Haw sabia que deixara uma pista no labirinto, e que Hem poderia encontrar o seu próprio caminho, se apenas lesse O Manuscrito na Parede.
Ele escreveu um resumo do que havia aprendido na parede maior do Posto N. Desenhou um grande pedaço de queijo ao redor de todos os insights que havia tido, e sorriu ao ver o que aprendera.

O Manuscrito na Parede

Ter Queijo
O faz
Feliz.
Quanto mais importante
seu Queijo é para você menos
você deseja abrir mão dele.
Se Você Não Mudar, Morrerá.
O que Você Faria se Não Tivesse Medo?
Cheire o Queijo com Freqüência
Para Saber Quando
Está Ficando Velho.

“O que você faria se não tivesse medo?”
O Movimento em uma Nova
Direção Ajuda-o a
Encontrar um Novo Queijo.
Quando Você Vence
o seu Medo,
Sente-se Livre.
Imaginar-me
Saboreando o Novo Queijo,
Antes Mesmo de Encontrá-lo,
Conduz-me a Ele.
Quanto mais rápido Você
se Esquece do Velho Queijo
Mais rápido Encontra um Novo.
É Mais Seguro Procurar no Labirinto
do que Permanecer Sem Queijo.
Velhas Crenças Não o Levam
ao Novo Queijo.
Quando Você Acredita que
Pode Encontrar e
Apreciar um Novo Queijo,
Muda de Direção.
Notar Cedo as Pequenas Mudanças
Ajuda-o a Adaptar-se às

Maiores que Ocorrerão.

Haw percebeu o quanto tinha ido longe desde que estivera com Hem no Posto C, mas sabia que seria fácil para ele retroceder caso se sentisse confortável demais. Todos os dias inspecionava o Posto N para ver qual era a condição do seu Queijo. Faria todo o possível para evitar ser surpreendido por uma mudança inesperada.
Enquanto Haw ainda tinha um grande estoque de Queijo, freqüentemente ia para o labirinto e explorava novas áres para estar ciente do que estava acontecendo ao seu redor. Ele sabia que era mais seguro ter consciência de suas verdadeiras escolhas do que se isolar em sua zona de conforto.
Haw ouviu o que achou que era o som de passos no labirinto. Quando o som se tornou mais alto, percebeu que alguém estava chegando.
Poderia ser Hem? Ele estava prestes a dobrar a esquina?
Haw fez uma pequena oração e esperou – como esperara muitas vezes antes – que talvez, finalmente, seu amigo tivesse sido capaz de ...
Sair do Lugar.
Assim como o Queijo
e Gostar Disso!

“Se você fizer o que sempre fez, obterá os mesmos resultados.”

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Ude garami

Ude garami

Técnica também conhecida como chave de braço ou controle do braço, onde se utiliza o braço como uma alavanca.

O nage deverá segurar o punho do uke com uma mão e com a outra passando por trás do braço (do uke) segurar seu próprio punho (ou a manga do dogi) fazendo um triângulo.
Os punhos deverão ficar alinhados, pois se dobrá-los o movimento ficará fragilizado.
Utilizando esse mesmo princípio, deve-se procurar dobrar o punho do uke.
Existem outras formas onde não se segura o pulso, somente executa-se a chave de braço contra o braço ou cotovelo do uke.
Nas imobilizações procurar sempre prender o ombro do uke no chão.

Anatomia:

O cotovelo é a articulação entre o braço e o antebraço, na extremidade superior.
É uma articulação complexa apesar de ligar apenas três ossos, o úmero à ulna e ao rádio. A ligação do úmero à ulna (ou cúbito), na parte posterior e externa do braço, funciona como uma dobradiça; a ligação ao rádio, do lado interno, funciona como um pivô, permitindo a rotação do antebraço.
É possível sentir os dois côndilos do úmero, embora o exterior esteja coberto pelo músculo braquial. Na parte posterior média do cotovelo, pode sentir-se a grande apófise olecrânica do cúbito que, quando braço está estendido, se encontra entre os dois côndilos do úmero. Entre esta apófise e o côndilo interno existe uma reentrância onde se encontra alojado – e sem quase nenhuma proteção - o nervo ulnar, que dá a sensação de choque quando contundido.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cotovelo

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Ukemi

UKEMI
A Arte de Ser Uke
Texto traduzido do livro The Principles of Aikido, escrito por Mitsugi Saotome, e extraído do site: www.aikidobahia.com.br - Academia Central de Aikido - Bahia

Para se praticar Aikido, a presença de um parceiro é essencial. Uns poucos exercícios podem ser feitos isoladamente para melhorar sua força e suas habilidades técnicas, mas o caminho para o bom treino reside na interação entre uke e nage. Algumas pessoas erroneamente simplificam as definições de uke e nage como "aquele que ataca" e "aquele que defende". Tais simplificações não demonstram a verdadeira natureza da importância dos papéis de nage e uke.
De um modo mais correto, nage significa "aquele que projeta" e uke, "aquele que recebe a força". Se você pensar em termos de quem ataca e de quem se defende, provavelmente você dará mais importância ao papel do nage, que é atacado e executa a técnica, e colocará o papel do uke como sendo apenas o de fornecer um corpo para o nage executá-la. Nada poderia ser mais longe da verdade.
Ukemi é a arte de ser uke, e a qualidade do treino de nage depende em como uke aprendeu sua arte. Ukemi é responsável pela criação de condições que levam uma dada técnica a ser praticada, permitindo a uke responder corretamente aos movimentos de nage, executando qualquer queda que seja necessária para finalizar tal técnica. Resumindo, uke é responsável pela criação de condições que permitam nage aprender. Se uke não sabe os efeitos de determinada técnica, ou não tem nenhuma flexibilidade, ou não responde aos movimentos de nage, ou ainda, é temeroso ou pouco acostumado a cair, então nage não terá condições de estudar as técnicas eficazmente.
Ao praticar qualquer movimento, os parceiros devem alternar os papéis de nage e uke. Quando estiver no papel de uke, não julgue esta hora como sendo apenas um intervalo entre os momentos de ser nage, mas como uma oportunidade de igual ou maior importância de aprender do que aquela de quando se está na outra posição. De fato, aqueles que se esmeram na prática de ukemi também o farão, eventualmente, na prática das técnicas, pois eles serão capazes de absorver conhecimentos através de seus corpos, de sentir como age uma técnica corretamente executada, assim como absorvem conhecimentos pelas suas mentes. Desenvolver bom ukemi é a maneira mais rápida de adquirir habilidade no Aikido.
Muitos elementos compõe o bom ukemi. O primeiro é musubi (Conexão harmoniosa; nossa união final com a vida e o Universo). Boa comunicação com o nage é indispensável, tanto física quanto intuitiva. Se o uke é insensível aos movimentos ou intenções do parceiro, vai obstruir a prática deste último e correr riscos de se machucar. Um bom uke não antecipa os movimentos do parceiro, mas se aperfeiçoa na percepção até o ponto em que as reações são instintivas e intuitivas, em lugar de depender exclusivamente da manipulação física.
Aprender ukemi é aprender a proteger o seu corpo de lesões; precisa-se estar sempre alerta e flexível. Deve-se ser capaz de executar a queda de qualquer ângulo, a qualquer momento, mesmo inesperadamente. Tais habilidades conduzem ao aprendizado de técnicas mais avançadas.
Também se deve treinar ukemi enquanto se segura jo e bokuto. O treinamento com armas no Aikidô inclui algumas técnicas de desarme. Muitas delas envolvem projeções e o uke precisa estar preparado para isso. Aprender a se proteger através do ukemi é também responsabilidade de todos. Enquanto o nage deve ter consciência das limitações do uke e evitar excessos desnecessários, ele tem o direito de esperar do uke um nível de habilidade em seu ukemi compatível com o nível de graduação. Se a sua capacidade em executar ukemi é inferior a sua habilidade com as técnicas a medida que evolui, então o avanço técnico do seu parceiro será prejudicado. Por vezes, coloca-se muita responsabilidade com relação à segurança pessoal nas mãos do parceiro, especialmente quando se começa a treinar técnicas mais avançadas, mas o próprio treino vai ser prejudicado, pois nunca será capaz de executar as técnicas mais difíceis com toda intensidade.
Executar ukemi não significa que se faz papel de derrotado. É, na verdade, um estudo de comunicação, percepção e auto-proteção. Refletindo mais profundamente, é um meio de adquirir controle sobre si mesmo e sobre as circunstâncias. Esse aspecto do ukemi se torna mais aparente no treinamento mais avançado, quando as técnicas vão além de se ter apenas um uke atacando, ocorrendo múltiplos ataques de várias direções e várias inversões de movimentos. A sensibilidade e a atenção concentrada no nage, que permitem alguém ser um bom uke, também dão a habilidade de ver as falhas na técnica do nage e reconhecer os pontos onde este está vulnerável. Se você é um bom uke você pode tirar proveito disso e fazer uma rápida recuperação ou reverter o movimento. Se ukemi não é bem treinado, então não se terá equilíbrio suficiente para fazer nenhum dos dois.
Aprender ukemi, é claro, leva tempo e muito treino. Ao principiante será mostrado o conceito de ukemi lentamente. Depois de conhecer os movimentos de irimi e tenkan, começará a praticar as quedas e rolamentos. Isso deve ocorrer antes de começar a treinar as técnicas básicas. Quando começar a praticá-las, isso será feito através do kata. Kata dá ao estudante um modelo para treinar e explorar os efeitos dos diferentes movimentos, aperfeiçoando sua execução. Deve-se chegar ao domínio completo do movimento antes de se tentar um uso mais criativo dos movimentos de Aikido, além de ser cada vez mais elástico na execução do ukemi. O jiju waza, quando se é esperado que as reações sejam espontâneas aos diferentes movimentos e projeções, deve ser reservado aos praticantes mais experientes. À medida que o treino evolui, sempre lembre que o caminho para obter a habilidade em executar movimentos mais espontâneos e criativos está no aperfeiçoamento do ukemi.
Durante minha época como uchi deshi, eu fui muito advertido por não fazer um bom ukemi. Os ensinamentos de O'Sensei a respeito desse assunto, assim como eu os lembro, podem ser resumidos assim:
  1. Não tente antecipar o que está por vir. Uma mente tendenciosa vai obscurecer as resposta intuitivas do corpo e irá refreá-lo. Isso forçará você a fazer um ukemi pouco espontâneo, o que, por sua vez, irá refletir quando treinar as técnicas, atrasando o seu aperfeiçoamento.
  2. Observe os movimentos do seu parceiro e tente sentir sua intenção. Isso é parte do treino de ukemi.
  3. Não se esqueça da relevância do treino de ukemi para a vida diária. Todas as pessoas proeminentes que alcançaram alguma coisa de valor na vida, absorveram os princípios do ukemi. A jornada da vida é marcada por muitas dificuldades. Sucesso é alcançado por aqueles que venceram suas dificuldades com flexibilidade e a mente aberta de ukemi. Aqueles que executam o ukemi de uma maneira pouco natural durante o treino, não verá resultados positivos da prática na sua vida diária.
  4. É sábio evitar acidentes e lutar pela sua bem-aventurança, tanto no dojo quanto fora dele.
  5. Uma mente aberta e flexível, assim como o corpo, modéstia, sinceridade - esses são os elementos necessários para a arte do ukemi. Sem eles, o treino de ukemi não progredirá. Sem ukemi, o treino das técnicas nunca irá fluir.
Observe as palavras de O'Sensei com relação à importância do ukemi na vida diária. Ukemi desenvolve a habilidade de sentir o que está por vir, de analisar as circunstâncias e de responder às mesmas rapidamente. Assim como aqueles que antecipam o ukemi durante o treino e falham ao tentar adivinhar a direção da técnica, são aqueles que pensam demasiadamente e falham em perceber o que está ocorrendo em torno de si próprios. Eles não conseguem ser flexíveis às dificuldades na vida porque não podem vê-las até que seja tarde demais. Treinando-se bem ukemi, ter-se-á uma visão verdadeira do fato, baseada na observação e intuição, e não em algum pensamento arbitrário e pré-concebido. Bom ukemi representa a mesma sabedoria do pescador que, através de sua experiência, sente como vai ser o tempo.
O treino de ukemi tem grande mérito físico: ele fortalece o corpo e aumenta sua flexibilidade. Além disso, quanto mais você se acostumar ao ukemi, mais prazeroso fica o treinamento. Eu me lembro da alegria de O'Sensei durante os treinos, seu ânimo e seu bom humor. Para se ter prazer no treino não precisa perder a concentração; pode-se relaxar e, ainda sim, treinar seriamente. Dificilmente se pode negar os benefícios do ukemi no treinamento e na sua vida diários.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Sankyo (kote hineri)

Sankyo (kote hineri)

Controle por torção do pulso.
Para executar o movimento pode-se pensar nos movimentos de "espada": saque, estocada e corte.

  • Saque: captura do movimento do uke, levando-o para uma posição favorável, i.é. controlado, para que a técnica seja aplicada.
  • Estocada: manter a mão, o pulso e o antebraço alinhados (estendidos) como se fosse uma "espada" (boken). Executar a torção do pulso através dos metacarpos da mão do uke e não dos dedos, pois o uke pode dobrar o pulso e os dedos podem escapar, dobrar ou até quebrar. Pelos metacarpos a pegada fica muito firme. Assim pode-se levar, com um movimento ascendente de torção, o uke até uma a posição em que ele ficará desequilibrado, na ponta dos pés, sendo essa a posição de hasso do boken. Ou com com uma pressão e controle do antebraço do uke, na horizontal - o ombro e cotovelo mais baixos do que a mão - pela mesma pegada, na forma de tsuki ou estocada com o boken.
  • Corte: terminação através do aprisionamento do uke no chão pelo seu ombro ou a projeção para longe do nage.

Anatomia
Cada membro superior é composto de braço, antebraço, pulso e mão.
O osso do braço – úmero – articula-se no cotovelo com os ossos do antebraço: rádio e ulna.
O pulso constitui-se de ossos pequenos e maciços, os carpos.
A palma da mão é formada pelos metacarpos e os dedos, pelas falanges.


O metacarpo é a porção média da mão, ou seja, o conjunto de ossos dos membros anteriores ou das extremidades superiores, que articulam com os ossos do carpo e com as falanges proximais dos dedos.
O metacarpo que suporta a "palma" da mão.
O carpo é formado por 5 ossos alongados.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

MEDITAÇÃO

MEDITAÇÃO
Jomar Morais

Jomar Morais nasceu em Recife, Pernambuco, em 1953.Trabalhou em vários jornais e revistas, entre os quais Folha de São Paulo, O Estado de São. Paulo, Jornal do Brasil, Veja, Exame e Superinteressante.Atualmente é editor especial da Editora Abril (unidade de tecnologia e turismo). Estudioso das tradições sapienciais do oriente e do ocidente, pesquisa e pratica meditação regularmente.

PARAR, RESPIRAR, AGRADECER
Para meditar você precisa estar pronto. Isto é, precisa estar no momento certo de sua vida, aquele em que se encontra preparado para ouvir sua voz, seu coração, sua respiração. Coisas simples. Parar e respirar.Só você, pela decisão de experimentar e pela persistência em prosseguir, será capaz de dizer o que melhor combina com o seu perfil.

AQUI E AGORA
A maioria das pessoas nunca está por inteiro onde estão os seus corpos. Pensando bem, essa é a própria rotina de nossa mente, sempre pronta a sair do rumo cada vez que tentamos direcioná-la para o que está acontecendo.
Essa mente desatenta sustenta as ilusões que nos impedem de enxergar a vida como ela é e, sobretudo, turva a percepção de nós mesmos, obscurecendo a visão de nossa essência mais pura. Nessa essência, o verdadeiro ser, repousa a consciência serena, fonte de paz e alegria. Mas a mente tumultuosa cria um falso eu, prisioneiro do medo, que gera e perpetua o sofrimento. A poderosa mente humana, dinâmica e impetuosa, é também plástica e disciplinável. Logo, pode ser purificada e transformada, se abordada corretamente.
Meditar é aquietar a mente, esvaziando-a do redemoinho de pensamentos que nos distraem sem tirá-la do estado de alerta.

O LUGAR DA MENTE
"Quem sou eu?" Mergulhando em nosso mundo interior, sempre acabamos constatando que somos, na essência, algo bem maior que o nosso corpo e a nossa identidade pessoal.
Tomemos emprestada a técnica de auto-indagação de Maharshi para uma investigação sobre a natureza da mente:
  1. Pare, respire profunda e suavemente e dirija a atenção para dentro de você.
  2. Procure observar seus pensamentos. Não os julgue nem os retenha. Apenas os contemple em sua seqüência ininterrupta.
  3. Depois de algum tempo, questione: quem está observando? Percebeu? Se você pode "ver" os pensamentos se sucedendo em sua mente, então existe algo por trás deles. Existe algo que os observa. Você é o observador. A mente, o objeto observado.

"Você não é a sua mente". A mente subsiste na consciência, mas esta prescinde da mente e do pensamento para existir.
A mente é um aspecto operativo da consciência, amplo e poderoso, a própria função construtora da realidade do aparato mental. As estruturas cognitivas se refletem no mundo concreto a tal ponto que, ao olharmos para um objeto, não é o objeto em si o que vemos, mas a nossa própria mente. Considere, por exemplo, uma cadeira convencional, de madeira. Observe-a. Certamente, você a reconhecerá em seu conjunto e a chamará de cadeira, pois neste momento você é um observador que vê o conjunto, a cadeira. Mas você pode transformar essa percepção internamente e enxergar ali apenas madeira, se estiver procurando madeira. Por que você pode ver apenas madeira onde antes via cadeira? Porque sua mente mudou, você mudou. E quando você muda, o objeto muda. Imagine que, ao vê-la, você disse: "Que linda cadeira. Gostei dela". Agindo assim, teria direcionado ao objeto impulsos atrelados a emoções, forjando um tipo de causalidade responsiva - ou seja, algo que, ao surgir, nos impulsiona para outra coisa - que é uma forma de prisão da mente.

O objetivo da meditação é superar esse programa, libertando a mente do condicionamento, da escravidão ao processo cármico e impulsivo.

A FORÇA DA MOTIVAÇÃO
Por que queremos meditar? Por que desejamos disciplinar e ampliar a mente? É importante que encontremos a resposta certa para a pergunta.
Se optarmos pela motivação adequada, antes mesmo de nos sentarmos, impulsionaremos a mente para o lugar onde a clareza está. Então, tudo ficará mais fácil. Com a motivação, criaremos o ambiente onde a mente se colocará, seguida pela energia e pelo corpo.
O essencial é saber ver. Saber ver
Sem estar a pensar. Saber ver quando
se vê, e nem pensar quando
Se vê, nem ver quando se pensa.
Fernando Pessoa

A MENTE MEDITATIVA
A QUEBRA DOS GRILHÕES INTERNOS
Apreender o sentido da meditação (ou do zen) exige mais o esforço de esvaziar a mente do que enchê-la com conceitos e definições. Compreende-se o que é meditar, sobretudo meditando. Mas o aprendizado da arte meditativa precisa levar em conta, como estágio inicial, um trabalho de desconstrução. É preciso despojar a mente de conceitos e preconceitos originados em condicionamentos e fixações, a fim de torná-la apta a ver a paisagem sem nódoas e a ouvir a harmonia dos sons sem ruídos. A mente meditativa está mais próxima da mente da criança, sempre interessada em observar e fazer descobertas, do que da mente do erudito, que para tudo tem uma resposta pronta. É a mente do principiante, buscadora e cheia de possibilidades, em que não há obstáculos erigidos sobre pré-conceitos.

ALÉM DAS POLARIDADES
Como interromper essa avalanche cármica, liberando a mente para a ação tranqüila? A liberdade será alcançada pela observação do próprio processo de prisão da mente, o que inclui a auto-observação da vontade e da imaginação. Trata-se de um trabalho que requer esforço redobrado no início. Mas basta isso para quebrar o circuito monopolizado pelas alternativas polares, do tipo "Devo continuar com essas idéias porque..." e "Não devo continuar com essas idéias porque..." Esvaziando-nos de desejos e contentando-nos em examinar como os pensamentos operam, sem nos apegarmos a eles ou rejeitá-los, cortamos a retroalimentação do processo, e o condicionamento morre por asfixia. A liberdade de criar e optar é, então, restabelecida.
O fato é que os pensamentos não são apegados a nós. Estão sempre fluindo, surgem e desaparecem. Nós é que tentamos retê-los ou rejeitá-los. Cada vez que isso acontece, aprisionamo-nos a eles, travando uma luta inglória e dispensável que apenas impede o surgimento da idéia criativa.

CRIATIVIDADE INTERNA
Parar, ampliando o hiato entre a percepção e o pensamento, é o modo de romper o automatismo dos registros da memória, a fim de que se possa ver além das alternativas polarizadas.
Como qualquer um de nós pode comprovar, ter poucos desejos e encontrar satisfação nas coisas simples é um caminho de paz e serenidade que acrescenta á vida uma profunda liberdade: eis um dos maiores atributos da mente meditativa.

A PRÁTICA DA MEDITAÇÃO
O CAMINHO E A CAMINHADA
Eis a questão: como é possível esvaziar a mente, focar no presente... enfim, meditar? A experiência milenar dos iogues e monges nos legou muitos ensinamentos nesse sentido. O resto descobrimos ao longo da prática. Nenhum exercício em particular será bom para todos. Importa que cada pessoa avalie se uma prática específica lhe é ou não apropriada. Feita a escolha, porém, é recomendável persistir no exercício escolhido, a fim de se aperfeiçoar na execução de seus procedimentos.
A meditação é uma investigação interior em que o meditador é ele próprio cientista, cobaia e laboratório. Qualquer que seja o tipo de prática escolhido, alguns elementos básicos não podem ser ignorados.

CONCENTRAÇÃO E PERCEPÇÃO
As diversas modalidades meditativas estão agrupadas em duas categorias: meditação por concentração e meditação por percepção. Ambas nos levam a focar no presente e a romper a identificação com o ego, mediante a constatação de como os hábitos manipulam nossa vontade. Diferenciam-se, porém, quanto ao modo de usar a atenção e à intensidade do esforço empregado pelo meditador.
Quando mantemos a atenção sem julgamentos na respiração, em um mantra (um som com ou sem significado) ou em algum objeto específico (visualização), estamos meditando pela via da concentração. Nesse caso, permanecemos atentos ao conteúdo de um único pensamento, sem nos preocuparmos com a sua direção, o que nos permite centrar no presente em vez de fugir com o pensamento para o passado ou para o futuro. Já quando paramos e tomamos consciência do fluxo natural dos pensamentos, praticamos a meditação perceptiva, em que percebemos a movimentação dos pensamentos sem nos fixarmos em seus conteúdos. Nessa situação, transformamo-nos em meras testemunhas, desapegadas, igualmente centradas no aqui e agora. É como se estivéssemos deitados no chão, com os olhos bem abertos, assistindo ao desfile de nuvens no céu. Uma nuvem é sucedida por outra, mas permanecemos ali, imóveis, apenas registrando formas brancas que surgem e desaparecem contra o mesmo fundo azul.
Ambas nos habilitam a fixar a atenção por períodos mais ou menos longos, mergulhando-nos em profunda paz, enquanto os pensamentos circulam em torno de nosso foco sem nenhum poder de distração.

POSTURAS MEDITATIVAS
A estabilidade do corpo é a grande âncora da meditação, a imobilidade do corpo disciplina a mente inquieta, restringindo suas opções de foco.

Quando perguntamos a um monge ou a um iogue qual a melhor postura para meditar, a resposta é flexível: depende de cada pessoa, de cada corpo. Qualquer postura é ideal, desde; me a coluna esteja ereta, com a cabeça e o tronco alinhados.
A posição tradicional é a da flor de lótus. As mãos podem ser apoiadas sobre os joelhos ou compor o chamado mudra cósmico, postura em que o dorso da mão esquerda é apoiado sobre a palma da mão direita, com as juntas dos dedos médios encostadas umas sobre as outras e as pontas dos polegares se tocando levemente à altura do umbigo, for­mando um oval. Os olhos focam o chão, num ângulo de 45 graus, com as pálpebras abertas ou semicerradas (pode-se optar também por manter os olhos fechados). A língua, enrolada para trás, toca o céu da boca. A respiração, abdominal, dá-se com a entrada e saída do ar apenas pelo nariz.
Trata-se de uma postura simbólica, a flor de lótus mantém a pureza absoluta, mesmo tendo a sua raiz na lama.
Há sempre a possibilidade de meditar sentado numa cadeira, encostado na parede, em pé, deitado ou em qualquer outra postura confortável que deixe corpo e mente em harmonia. Cada posição provoca uma mudança de energia que será sentida durante a prática. A meditação deitada não é recomendada, para iniciantes, em razão da possibilidade de induzir ao sono.

SILÊNCIO E RESPIRAÇÃO
A disciplina do silêncio e a consciência da respiração são fatores importantes na meditação. O silêncio e a respiração serena nos permitem ver além das imagens, além da forma. Percebemos então as energias internas - o amor, a compaixão, a raiva etc. — e, a partir da consciência de sua presença, podemos harmonizá-las, estabilizá-las ou transformá-las na meditação. Na prática, fazemos isso focando a mente na respiração. Ficamos atentos à entrada e saída do ar pelas narinas e inspiramos e expiramos suave e profundamente.
O tipo de respiração apropriada é a abdominal ou diafragmática, assim chamada por produzir a dilatação do diafragma, o importante músculo que separa a cavidade torácica da abdominal. A inspiração deve jogar o ar para a base dos pulmões, produzindo uma sensação de enchimento do abdômen, quatro dedos abaixo do umbigo. A expiração deve ser plena e no mesmo ritmo. É fácil. É o nosso modo natural de respirar, aquele que é demonstrado diariamente pelos bebês e por todos nós quando estamos dormindo profundamente. A respiração torácica é resultado da restrição das vias respiratórias, causada por fatores físicos e, principalmente, pelo medo e a ansiedade.

O PAPEL DO MANTRA
Esvaziar a mente significa ajustar o fluxo do pensamento, diminuindo sua velocidade e reduzindo-o, na concentração, a um fio condutor que leva a único ponto. Mas quando isso não ocorre na simples experiência do silêncio e da respiração consciente (ou quando se deseja catalisar o processo meditativo), pode-se recorrer a uma técnica milenar capaz de facilitar o ajuste sem reprimir a dinâmica do fluxo mental: o mantra.
Em sânscrito, mantra quer dizer "aquilo que liberta a mente". Trata-se de um som, com ou sem significado, que, pronunciado repetitivamente, ajuda a manter a atenção no agora.
Na meditação, o mantra funciona ao privar os sentidos de qualquer outro estímulo, exceto ele próprio. É um auxílio importante para a concentração mesmo entoado mental­mente, como ocorre na maioria das vezes. Qualquer praticante pode criar o seu mantra individual.

A OPÇÃO DAS VISUALIZAÇÕES
A visualização é uma técnica importante na prática meditativa. Pode-se visualizar desde uma luz até a figura de um mestre, uma deidade ou uma paisagem tranqüilizante. A exemplo da concentração, o objetivo aqui é focar a atividade mental, mas de uma forma que exige menor esforço.

Na visualização, a mente cria um espaço ilusório, fica aprisionada ao que ela criou e segue respondendo dentro do contexto da paisagem mental.

A OPÇÃO DOS KOANS
O koan, usado com exclusividade pelos seguidores da linhagem zen do budismo, é um problema passado pelo mestre ao discípulo a fim de que, na tentativa de solucioná-lo, o aluno possa romper os padrões da mente condicionada.Por exemplo: "Uma vaca passa por uma janela. Sua cabeça, chifres e as quatro pernas passam. Por que o rabo não passa?"

DURAÇÃO DA PRÁTICA
Uma sessão formal de meditação compõe-se de uma preparação, a prática e a sua conclusão.
Na etapa inicial é feito algum exercício de alongamento visando preparar o corpo para manter-se imóvel e confortável na posição de lótus ou em outra postura escolhida para a meditação. É importante a observância do silêncio e da respiração ou um breve relaxamento ao som de um mantra, um canto ou mesmo música clássica.
A duração da prática varia de acordo com a capacidade de concentração, a resistência física e a experiência de cada meditador. Para iniciantes com hábitos urbanos, é razoável a prática meditativa durante 20 minutos, se possível duas vezes ao dia. Outra opção é acordar cedo e dedicar de 40 minutos a uma hora ao não-fazer.
Depois que o corpo sinalizou a hora de encerrar a prática, o melhor é continuar respirando conscientemente por mais algum tempo, evitando levantar de um salto. Comece a saída movendo lentamente os dedos. Em seguida, se estava meditando de olhos fechados, abra-os devagar. Mantenha a atenção sobre todas as etapas do movimento de saída.

Se você continuar esta simples
prática todos os dias obterá
um poder maravilhoso.
Maravilhoso antes de ser atingido,
mas nada especial uma vez atingido.

Shunryu Suzuki

ESCOLHA A SUA
AS VÁRIAS TÉCNICAS DE MEDITAR
ZAZEN — é a prática de meditação sentada da tradição zen, uma linhagem do budismo bastante difundida no Japão. É uma das técnicas mais simples e mais conhecidas em todo o mundo. Aqui o importante são o esforço e a disciplina na prática, com observação da postura. Para muitos mestres do zen, a postura é, em si, o propósito da prática.
  • Sente-se no chão (ou sobre uma almofada), coloque o pé direito sobre a coxa esquerda e o pé esquerdo sobre a coxa direita - a posição de lótus.
  • Mantenha a coluna, o pescoço e o tronco numa linha reta.
  • Coloque a mão esquerda sobre a palma da direita, com as jun­tas dos dedos médios encostadas umas sobre as outras e as pontas dos polegares se tocando levemente. As mãos devem estar junto ao corpo, com os polegares à altura do umbigo.
  • Os braços devem permanecer relaxados e ligeiramente afastados do tronco, como se houvesse um ovo em cada axila.
  • Não se incline para qualquer lado.
  • Mantenha os olhos semicerrados, neste caso olhando num ângulo de 45 graus para o chão ou para a parede.
  • Concentre-se na respiração. Observe o ar tocando as pontas das narinas. Conte suas inspirações de 1 a 10 e, então, reinicie a contagem. Caso não consiga completar a série (muitos iniciantes se perdem já na terceira inspiração), não se inquiete. Apenas retorne ao início da contagem sempre que isso acontecer.
  • Não busque um estado especial da mente. Não busque qualquer resultado. Apenas sente-se e observe. É assim que mente e corpo permanecem juntos, presentes onde você está. Isso é zazen.

Observação: caso não consiga sentar-se em lótus completo, tente a postura meio lótus, com apenas um dos pés sobre a coxa oposta. Ou ainda a posição um quarto de lótus, com um pé debaixo da coxa oposta e o outro sob a panturrilha da perna contrária. Se você tem problemas físicos, sente-se numa cadeira que lhe permita manter a coluna ereta.

SHAMATA — é um tipo de meditação estabilizadora, com foco na respiração, muito usada por algumas linhagens do budismo. Ajuda a relaxar e ampliar a capacidade de atenção.

  • Sente-se na postura de lótus ou naquela que lhe for mais confortável, tendo o cuidado de manter a coluna ereta.
  • Mantenha os olhos abertos, fixando-os em algum ponto, num ângulo de 45 graus. Para facilitar, você pode colocar, a sua frente, algum objeto que o ajude a fixar o olhar na angulação recomendada. Olhe para o objeto suavemente. Pode piscar o olho, se necessário.
  • Focalize a atenção sobre a ponta de suas narinas, percebendo a sensação causada pelo ar entrando e saindo. Realize a contagem de 1 a 10, a exemplo do que é feito no zazen.
  • Se preferir, em vez da ponta das narinas, focalize o movi­mento do abdômen a cada inspiração e expiração, fazendo a contagem.
  • Em qualquer das opções acima, respire profunda e suave­mente.
  • Ao surgirem pensamentos, não reaja com apego ou rejeição. Não se sinta frustrado. Persista.
  • Isso se torna mais fácil se você imaginar a sua mente como um céu claro onde nuvens surgem e logo desaparecem, sem perturbar a paisagem calma.
  • Quando estiver apto a evitar as distrações, passe a fazer notas mentais sobre a natureza dos pensamentos que surgem sem, no entanto, retê-los nem perder a consciência de sua impermanência. É o suficiente para não conceder poder às distrações, fazendo cessar o conflito.

PERGUNTA E RESPOSTA
Diante de um problema inesperado, na rua ou no trabalho, como poderei manter-me sereno sem meditar formalmente?
Parar e respirar conscientemente sempre conduz a uma mudança na paisagem mental. No livro The Wellness Book, Herbert Benson sugere um exercício para o momento em que estivermos presos num congestionamento de trânsito, o qual, adaptado, pode ser útil em outras situações em que nos percebamos à beira de um ataque de nervos:

  1. Pare.
  2. Respire e relaxe.
  3. Reflita e faça a si mesmo estas perguntas:
  • O que está acontecendo comigo?
  • Por que estou tão nervoso?
  • Estou atrasado ou apenas correndo contra o relógio?
  • É realmente um problema estar atrasado?
  • Se eu estiver atrasado, qual é a pior coisa que pode acontecer?
  • A preocupação irá ajudar? Opte por não ficar tão ansioso.
Olhe
WWW.ANDYNEWBERG.COM
O site resume, em inglês, as pesquisas do cientista Andrew Newberg sobre a base biológica dos fenômenos místicos e os efeitos da meditação e da oração no funcionamento do cérebro. Há referências ao estudo relatado no livro Why God worít Go away, acompanhadas de imagens do cérebro dos medita-dores e freiras pesquisados, obtidas com tomógrafos de emissão de pósitrons antes e no clímax das práticas contemplativas.
WWW.BODSATVA.ORG

Ensinamentos do lama brasileiro Padma Samten sobre treinamento em meditação, seus obstáculos e outros temas do budismo tibetano e do zen.
www.dharmanet.com.br

Neste site budista, um dos mais completos do gênero em português, há instruções detalhadas para a prática de shamata, a meditação estabilizadora, e ensinamentos sobre vipassana e outros tipos de meditação budista.
WWW.MBMI.ORG

Site do Mind/Body Medical Institute, fundado pelo cardiologista Herbert Benson, da Universidade de Harvard. Informa, em inglês, sobre as atividades do instituto e sobre os estudos realizados por Benson, um dos pioneiros da moderna pesquisa da meditação.
www.monjacoen.com.br

Ensinamentos da monja Coen Sensei, missionária oficial da tradição Soto Shu — Zen-Budismo, com sede no Japão, e primaz fundadora da Comunidade Zen-Budista, criada em 2001.
www.visaofuturo.org.br

Site do Instituto Visão Futuro, dirigido pela monja e doutora em psicologia Susan Andrews. Cursos e vivências meditativas segundo a tradição tântrica do hinduísmo.
www.yoga.pro.br

Organizado pelo professor de ashtanga vinyasa yoga Pedro Kupfer, o site traz centenas de artigos sobre yoga e meditação, escritos por Kupfer e outros especialistas.