sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O Santuário Aiki, em Iwama

“(...) Vendo a prosperidade alcançada pelo Aikidō, não posso deixar de pensar nas decisões tomadas pelo Fundador durante os anos da guerra e imediatamente depois. Se, em vez de retirar-se para Iwama, mestre Ueshiba tivesse deixado que o Kōbukan Aiki-Budō fosse engolido pela fusão das artes marciais durante a guerra, a história do Aikidō poderia ter terminado naquele tempo. Ambos os nomes, o de mestre Ueshiba e do Aikidō, e seu breve mas glorioso capítulo no Budō nos anos anteriores à guerra, poderiam ter sido relegados aos livros de história e, com o tempo, convertido apenas em lendas obscuras nos anais das artes marciais.
                A reputação e o sucesso atuais do Aikidō se devem à decisão do Fundador de dedicar-se à busca espiritual da essência das artes marciais naquela distante região de Iwama. Mestre Ueshiba demonstrou com o seu exemplo que o sucesso do Aikidō não é medido pelo número de seguidores, mas pela profundidade e intensidade de busca pessoal da verdade através do treinamento e da prática. Esse, creio eu, é o motivo principal para que o Aikidō seja o que é hoje.                
                O ditado zen “Refletir sobre nossos passos” nos aconselha sempre a verificar se nossos pés estão em terra firme. Como praticantes do Aikidō, devemos sempre “refletir sobre nossos passos”, mesmo que prossigamos com grande idealismo e paixão pela verdade.
                Não há nada mais desejável do que o crescimento e a expansão, mas se nossos olhos são atraídos apenas por eventos superficiais e perdemos a visão da essência do Caminho do Aikidō, então – do mesmo modo que um pião perde seu momento cinético, seu equilíbrio, e cedo ou tarde cai – nosso Caminho perderá sua vitalidade, dividir-se-á e finalmente se desintegrará. Quando penso nos anos que o Fundador passou em Iwama refletindo sobre si mesmo, novamente me lembro da minha tarefa essencial.”

O espírito do Aikidō. Kisshōmaru Ueshiba. São Paulo: Ed. Cultrix, 1984. Pg 133 – 134.