terça-feira, 4 de setembro de 2007

A Doutrina do Corpo

A Doutrina do Corpo
Sato Tsuji

Sato Tsuji é um filósofo japonês contemporâneo e um conhecedor da filosofia ocidental. Segundo a tradição oriental, para ele a filosofia é mais que um esclarecimento da existência por meio do pensamento. Ela significa para ele ver a vida “com o corpo”.

Se a forma verdadeira do Ser humano aparece na posição ereta do tronco, o caráter do homem também precisa se manifestar por uma concretização dessa posição. Para manter essa posição, é necessária a tensão da “força de vontade”. Se esta diminui, os quadris se tornam fracos e assumem uma postura em que a região estomacal e a barriga ficam encolhidas. O peito está cercado pelos ossos das costelas que, naturalmente, não se podem dobrar. A barriga, ao contrário, está apenas apoiada pela espinha dorsal. Esta, por seu lado, compõe-se de uma série de ossos e vértebras e por isso não é possível curvá-la. Assim, deve se manter impreterivelmente ereta a vértebra lombar, senão essa parte se verga por si mesma, sob o peso do busto. Isso, porém significa que a inclinação material prevaleceu e que a pessoa se tornou passiva.
A kyusho (a mais importante, mais forte e, ao mesmo tempo, mais sensível parte do corpo, por assim dizer, a alma do corpo), situa-se no koshi (por koshi, o japonês entende a parte inferior do tronco abaixo do umbigo). Para se confirmar a força de caráter de uma pessoa pela postura, esta deve estar pressionando as nádegas um pouco para trás, colocando a força no koshi, à medida que faz dele uma pedra fundamental firme e duríssima sobre a qual repousa levemente a parte superior do corpo. A planta só adquire sua posição ereta com o apoio da terra. O homem, ao contrário, mantém-se ereto por si. Para isso deve existir um ponto de apoio nele mesmo, no próprio corpo, e esse ponto está enraizado no koshi. Se o koshi não está carregado de energia, o corpo não tem mais o centro em si mesmo e será puxado para baixo, para o centro vital que existe “fora dele”. Então acontece o descontrole dos membros.

O corpo perde seu sentido como vida subjetiva independente. Manter o koshi ereto é uma forma de afirmar a postura física ativa do homem. Podemos deduzir isso também da língua, pois existe a expressão koshi wo irer (introduzir o koshi), no sentido de dar estabilidade a algo oscilante) e, além desta o koshi wo suete kakaru (assentar o koshi e começar algo com o koshi assentado, no sentido de: começar algo com uma constituição bem firme).
Quando a parte superior do corpo é pesada e o abdômen, ao contrário, é leve, isso significa que esse homem tem uma constituição física na qual a vida é limitada pela materialidade. O mais elevado será puxado para baixo pelo menos elevado. Ao contrário, a parte inferior, pesada, ligada à parte superior, mais leve, do corpo demonstra uma constituição em que o homem tem caráter e vence a matéria. É isso que corresponde à lógica da vida. O que concretiza a lógica do ser vivo corresponde também à norma fisiológica. Quando mantemos o tronco ereto e deixamos o koshi pesado, ativamos a circulação sangüínea na parte inferior do corpo e sentimos calor no abdômen; cabeça fria e pés quentes há muito é considerado um sinal de saúde e, em contraposição, uma cabeça quente e pés, quadris e nádegas frios são largamente conhecidos como sinal de falta de saúde.
Hakuin Zenshi disse em Yasenkanna: “O caminho para cuidar da vitalidade consiste em manter a parte superior do corpo fresca e revigorada e manter aquecidas as partes inferiores.”
Para conseguir a posição correta do corpo humano, deve-se primeiramente encher o abdômen com a energia (genki) do corpo interior. Encher de energia o koshi significa, ao mesmo tempo, tensionar levemente os músculos da barriga. Quando tensionamos os músculos abdominais, aparece como núcleo dessa tensão um ponto de concentração sob o umbigo. Esse ponto de concentração chama-se kikai tanden. A arte desse fortalecimento – tanden (rentan) é a de liberar todas as forças instaladas nas diversas partes do corpo e concentra-las totalmente, de forma especial, no Tanden. O volume da parte inferior do corpo altera-se um pouco, visto de fora, mas ela parece firme. Assim na parte inferior do corpo efetua-se a mudança, embora o volume do ventre mude.
Nesse exercício, a inspiração é rápida, e a expiração, ao contrário, muito lenta, enquanto se fortalece pouco a pouco o Hara. Isso não significa, porém, que se economize o ar ao expirar. Retrai-se um pouco o queixo e abre-se ampla e largamente a base Hara (hara-no-soku) e expira-se forte e totalmente o ar. Essa expiração deve ficar cada vez mais volumosa quando se aproxima do seu término, a ponto de o pescoço dilatar. Mas quando não se tem nenhuma força na base do Hara, a expiração é resfolegante; mas quando se expira realmente, partindo da base da barriga, ela se torna forte e fluente.
O abdômen e as nádegas se completam, um como lado frontal e as outras como a parte traseira que formam a base do tronco e, dessa maneira, uma unidade especial. A força do koshi é uma energia com a qual se fixa a base do tronco.
Deixar que a energia do koshi flua significa manter as nádegas firmes ou contrair o abdômen. Se as nádegas são pressionadas para trás e o abdômen é empurrado para a frente, então se estabelece a base do tronco como se ele fora uma rocha. O osso ilíaco fica ereto, e forma-se entre as nádegas e o abdômen um eixo perpendicular ao corpo (taiku).
Deixar que a força do tanden flua “para dentro” não significa repousar o peso da parte superior do corpo sobre o abdômen. Quando se deixa a força fluir para dentro do koshi, o abdômen suporta a parte superior do corpo e obtém, por assim dizer, um caráter nominativo. Procurar a fonte de força do koshi na parte superior do corpo seria, portanto, um erro. Se pressionássemos ativamente a força do Tanden “para dentro” como se estivéssemos fechando um buraco com uma tampa, o corpo se entortaria e não alcançaria sua forma natural. A parte superior do corpo definiria o resto dele. A energia que enche o corpo deve ser, afinal, uma força que atue como se a parte superior do corpo não existisse. As forças do corpo inteiro são reunidas na base do tronco como se o abdômen crescesse na vertical a partir do centro da terra. O koshi carrega a parte superior do abdômen com uma força que age de baixo para cima. Se a força se concentra no Tanden, o ânus se contrai.
A postura em que a parte inferior do corpo é pesada e a parte superior do corpo leve faz com que se desenvolva necessariamente uma estrutura corporal com um koshi forte e um abdômen abaulado para a frente. Quando se adota uma postura correta, a gravidade do corpo recai inteira sobre o centro do osso ilíaco e o koshi torna-se inquebrável. Nada mais nos resta do que concentrar a força natural do abdômen. Ao se colocar a força no abdômen, os músculos da barriga se distendem de maneira agradável e sente-se a força aumentar no corpo inteiro. No momento da expiração, a tensão abdominal é mais forte, tão forte que um punho poderia ricochetear se fizesse pressão contra ele. Hakuin Zenshi comparou esse abdômen, em seu livro “Yasenkawa”, como uma “bola que ainda não tinha sido batida pela vara do bambu”. (Fala-se da força potencial, da elasticidade da bola.) Ele é parecido com uma bola de borracha.
Ao se esvaziar o peito, deve-se prestar atenção na parte superior do estômago. Esse local fica na dobra abaixo das costelas e acima do umbigo, e corresponde à parte chamada alto-ventre em oposição ao baixo-ventre. Quando o koshi se dobra, esse local se retrai. Pode-se ainda concentrar a força do corpo inteiro no Tanden se este também se retrair, mantendo-se o koshi ereto e tensionando-se o abdômen com a expiração. Antes de inspirar, nosso peito está vazio. O ar enche o tórax e, naturalmente, infla a região acima do umbigo. No processo de expiração a força dos músculos estará concentrada no abdômen. Então a parte superior da barriga se contrai naturalmente como se esta fosse sugada para dentro.
Se o koshi é o local mais importante para se conseguir a postura correta, podemos dizer que a nuca ocupa o segundo lugar importante. O koshi e a nuca são as partes mais instáveis de todo o corpo. A ligação do corpo com a cabeça é o pescoço, que deve ser fino e ter bastante mobilidade. Dependendo da posição da cabeça, a verdadeira firmeza do corpo se concentra na cabeça e no troco. Para conseguir-se a unidade do corpo inteiro é preciso procurar fazer o centro de gravidade cair exatamente na linha vertical do tronco. Os mestres ensinaram que se deve manter as vértebras cervicais posteriores eretas e concentrar a força na nuca. Como exercício, deve-se puxar o queixo de tal forma que “se sinta dor atrás das orelhas”.
Quando o peito se eleva, os músculos da barriga sobem e a musculatura do corpo inteiro se deforma. A força no koshi diminui. Não é saudável colocar a força no abdômen de forma violenta, nessa posição física desfigurada. Deve-se extrair a força que revigora os músculos da nuca da força criadora do koshi.
Uma vez que a nuca e o tronco são um só, e que os músculos da nuca não se deslocam nem se contraem, a cabeça aparece diretamente “desligada” do tronco, como se flutuasse no espaço. A cabeça é o céu, o tronco a terra. O céu e a terra, que afinal são “um” só, estão no contexto dessa unidade divididos numa duplicidade que provoca, assim, uma unidade maior, o Tenchi organizado (cosmos).
Os ombros devem ser vistos como uma das partes mais importantes do corpo no exercício da postura correta. Na postura correta, é importante deixá-los soltos. A verdadeira forma do corpo físico só se realiza quando os ombros se descontraem para o centro, confirmando dessa maneira ativa o verdadeiro vazio do céu e a plenitude da terra.
Quando se deixa os braços pendentes à vontade por longo tempo, eles se voltam para o centro vital. Deve-se portanto ter a sensação de que se deixou os braços cair no centro vital desde a ponta dos dedos até suas raízes.
Ao abrir as pernas num ângulo moderado, a sede do centro de gravidade torna-se mais ampla e o grau de estabilidade aumenta.
Já que o Tanden nada mais é que uma vivência da grande unidade transmitida a uma vida singular, o filósofo também deve conquistar a autoconsciência do Tanden como o exercício físico.

Tenbin

O bastão é provavelmente uma das primeiras armas que o homem usou para se defender ou caçar. Era facilmente encontrado e não era muito difícil de manejar. O bo provavelmente teve origem num bastão chamado tenbin, que era posto ao longo dos ombros para transportar peixe ou baldes de água.
Tenbin também pode ser entendido como uma balança, que tem o mesmo princípio do bastão para trasporte.
Como técnica o tenbin deve ser aplicado com muito cuidado para não lesionar o seu companheiro de treino. Por isso aconselha-se a executar a entrada em Yin (lado interno do braço) e depois na projeção em Yang (lado externo do braço).
Ainda na entrada, não bater no cotovelo do uke e sim utilizar o seu braço como um rolo (rolo de amassar pão ou massa). Faça com que o braço do seu parceiro de treino role sobre o seu braço até chegar na posição certa.
Seu braço deverá estar orenaite (braço inflexível - impossível de se flexionar) e próximo do seu hara para que o uke fique desequilibrado e na ponta dos pés.
O cotovelo não deve ser utilizado como ponto de apoio para a projeção (ou simplesmente projetar o parceiro pelo cotovelo), deve-se desequilibrar o uke através do ombro, sendo o cotovelo apenas a ferramenta para que isso aconteça. Da mesma forma o nage deverá iniciar a projeção pelo quadril e rotacionando a mão (e assim seu braço) de Yin para Yang, assim todo o corpo do nage funcionará como uma onda.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Hara - O Centro Vital do Homem

Hara – O Centro Vital do Homem
Karlfried Graf Dürckheim

O Hara na vida dos japoneses

“Peito pra fora – barriga para dentro...” “Corre um grande risco o povo para quem esta sentença se torne uma ordem geral”, disse-me um japonês no ano de 1938. “Peito para fora – barriga para dentro” o induz a uma posição que falha na construção da ordem natural. Quando se transfere o ponto de gravidade para cima e quando se estrangula o meio, reprime-se também, por meio de um mal relacionamento, a relação natural entre tensão e relaxamento, assim que o homem se movimenta alternando essas posições.
Quando o lema: “Peito para fora – barriga para dentro” coloca o pequeno ego no trono, essa excentricidade do ego torna-se um “perigo para o povo”.
Ereto, firme e concentrado – são os três sinais característicos da postura do japonês e que, no seu modo de ver, está correta e que é como um todo, a prova da existência do Hara.

O Hara como o “sentido da prática”

Não é possível tornar-se um homem completo sem o Hara, sem a conquista do “centro” físico espiritual.
“A prática faz o mestre”. Mestre é aquele que domina um conhecimento de tal forma que garanta um trabalho perfeito. Em cada atuação repetida existe a chance de um aperfeiçoamento que faz daquele que se aperfeiçoa um mestre.
Este é o exercício entendido como exercitium. Seu sentido não é o resultado visível, mas uma conquista interior. Nesse exercício não se trata de uma ação propriamente dita, ou de uma obra visível, mas do exercício de um homem em mutação. Tão certo como a existência de uma verdadeira maestria de atos e obras é uma qualidade do ser humano, ao contrário, também a preparação para a obra e a ação podem ser utilizadas como um caminho à “maestria”, que é a demonstração do Ser na existência.
Portanto, cada arte, assim como cada esporte, tem para o japonês um sentido que ultrapassa o resultado. Sua prática visa um estado do homem como um todo, e graças ao qual o trabalho é realizado com perfeição e como se fosse uma brincadeira, como se nada tivesse sido feito – assim como a maçã cai da árvore quando está madura, sem que a árvore tenha de fazer algo mais para isso. O resultado surge da essência.
De que depende então o resultado? Não do resultado mas do que se aprende! Do que se interioriza, isso é, do que vai para dentro do homem. Também o exercitar-se na execução de um trabalho externo serve, além isso, para a auto-realização interior do homem despertando a própria essência. Só quando o ego é superado pode-se ter o verdadeiro sucesso. O sucesso não acontece devido a um conhecimento dirigido pela cobiça, mas por causa de uma transformação no Ser.
“Como se faz para ser um mestre?” “Simplesmente exteriorizando o mestre que está em nós. Sim: simplesmente deixando-o aparecer”.
O mais tenaz rival no caminho da obtenção da força do centro é o “pequeno” ego que, com sua teimosia, sempre perturba o testemunho de qualquer conhecimento.
Toda ação fundamentada no pequeno ego é permeada pela preocupação de que o esforço possa falhar e de que esse fracasso prejudique a posição do ego, mesmo que se trate de uma simples perda de prestígio.

O Hara na língua japonesa

O Hara tem um significado muito mais amplo, por si mesmo e em relação com outras palavras, do que tem entre nós a palavra barriga.
O Hara é o centro do corpo humano; mas, como o corpo é mais do que um mero corpo físico, é mais do que algo biológico e fisiológico. Ele significa ao mesmo tempo o centro espiritual.
O Hara é sobretudo o resultado de constantes exercícios individuais e da disciplina; portanto, fruto de um desenvolvimento pessoal responsável.
Hara é algo através do qual o homem completo tem uma qualidade especial e, por assim dizer, só então ele é um homem “completo”. Portanto, quando lhe falta o Hara, o homem ainda não está “completo”.
O Haragei significa exatamente o completo desdobramento da “natureza” que é “bloqueada” pela limitação dos cinco sentidos e do intelecto. Com o aumento do Hara e sua culminância no Haragei manifesta-se quase que completamente toda a capacidade do homem. O homem absorve a realidade com mais sensibilidade e sabe aceitar de uma ou outra maneira o que aprendeu.

O centro em perigo – A forma viva centralizada no Hara pessoal

  1. Se o homem está bem em relação com a sua ligação ao céu e à terra, sobretudo na sua “postura”. Se ele se coloca de maneira correta “ereto”, então une na sua postura o céu e a terra. A aparência “correta” em relação ao céu mostra, indissimulada e harmoniosamente, que o homem, ao mesmo tempo em que está radicado na terra e ligado ao céu, é sustentado pela terra e atraído pelo céu, está ligado à terra ao mesmo tempo em que aspira pelo céu.
  2. Se a forma viva está de acordo com a relação correta do homem com o mundo, ele inspira o mundo para dentro de si e o expira.
  3. Se a forma viva manifesta a relação correta do homem para consigo mesmo, ele parece na proporção correta de “tensão” e “relaxamento”.
Assim a forma correta aparece na trindade postura, respiração e tensão.
O ponto de gravidade verdadeiro, que se manifesta tanto no comportamento físico como no espiritual e mental, é, portanto expressão de um terceiro. E qual é esse terceiro? Exatamente o homem todo que, como pessoa, está se desenvolvendo para ter uma constituição adequada à essência a que faz jus no mundo. O Hara, entendido como centro verdadeiro, é o pressuposto, a expressão e forma de confirmação da vida dessa pessoa que corresponde na sua totalidade espiritual e corporal à verdadeira relação com o “céu e a terra”, com o mundo e consigo mesma.

O Hara como exercício – A ordem do movimento da vida no simbolismo do corpo

O coração é o centro do homem, ao contrário do centro vital “embaixo” e do centro celestial “em cima”. Assim o coração é o centro “pessoal”. O que acontece com o centro vital ou o que dele parte é “pré-pessoal”. Também aquilo ao redor do qual o homem gravita no centro celestial e o que o atrai é “impessoal”.
O coração, a cabeça e o abdômen simbolizam para o homem ainda “ingênuo” a alma, o espírito e a natureza e, ao mesmo tempo, três formas e três graus de consciência. O sentimento obscuro, impulsivo e sensual tem sua origem naquilo que está abaixo do diafragma e em extrema oposição à consciência lúcida da cabeça. Entre eles está a consciência intuitiva e sensível do coração.
O simbolismo do corpo ganha um novo sentido. A cabeça e tudo o que está acima dela simboliza o espírito e seu império, como a totalidade da ordem celestial. O coração e suas batidas simbolizam a alma e seu mundo, como o reino onde o homem testemunha o amor e a liberdade de ser. O abdômen, portanto, simboliza a grande natureza que atua ocultamente como o espaço da origem divina. Nele tudo o que ficou rígido se funde, se transforma e renasce.
Isso tudo significa que o homem precisa mudar o seu ponto de gravidade de “cima” para “baixo” do corpo. O homem deve retornar ao seu centro.

O Hara como exercício – Sentido e Pressuposto de todo exercício

O exercício não produz a experiência do ser; apenas o prepara.
O ponto culminante que o homem pode alcançar com o exercício é a disponibilidade de se deixar tomar pelo Ser. Exercitar-se significa a purificação planejada da força que isola o homem da base da vida, a ousadia de abrir-se sem medo e aceitação obediente aos impulsos pelos quais o Ser se manifesta cheio de promessas e obrigações.
Só quando ele sente as restrições da vida, e sente que parou no estágio em que se encontra, quando alguma coisa no seu íntimo o impele a romper com sua “posição”, com o seu “ponto de vista”, com seus costumes e com toda a sua maneira de viver, é que chega o momento de ele aceitar o exercício superior do caminho. No início desse exercício exige-se o desapego daquilo em que ele se tornou e o mergulho naquele centro que encarna a unidade original do Ser. O enraizamento consciente nesse centro, do qual se pode extrair, conquistar, fortalecer e comprovar o novo, é o sentido do “Hara como exercício”.
O exercício do Hara significa a ousadia de saltar para aquela dimensão à qual o ego acredita ter-se elevado e que teme: a diminuição da vida original que atua no inconsciente.
Hara significa certamente aquela constituição do homem em que ele se torna receptivo à unidade que transcende os opostos e a natureza da vida original e ele consegue manifestá-la com consciência dessa vida natural (elo de ligação).
Os pressupostos básicos de todo exercício:
  1. O homem deve sentir insatisfação com sua atual forma de vida. Sem carência não se chega a nada de novo.
  2. Atitude que não busca o aumento de uma força mundana com o êxito do exercício, mas somente um crescimento interior.
  3. Vontade forte. Não pode haver crescimento real quando não há grande persistência.
  4. Capacidade de entrega total.
  5. Capacidade de calar-se. O novo só pode prosperar no silêncio e tira sua força da contenção.
  6. Postura, respiração e tensão como pontos de partida do exercício.
  7. O homem que se firma no Hara não pode ser levantado do chão.

No exercício do caminho interior, sentir o “corpo interior” é de importância decisiva. Para isso é conveniente, no início, fechar os olhos e, em silencio, “sentir-se sob a pele”, interiorizar-se... Então, devagar, de cima para baixo e de baixo para cima, sentir todas as tensões relaxarem, ouvindo também a respiração – como ela entra e como ela sai, entra e sai... Assim, lentamente, começa-se a tomar conhecimento do corpo inteiro.
O tempo de expiração torna-se mais prolongado em comparação com a inspiração. Faz-se isso devagar e repete-se o processo, e só então se executa o primeiro movimento que leva à postura correta, no início da expiração, ao fazer o relaxamento, descontraem-se os ombros (nos “desligamos” deles). O segundo movimento é a transferência do relaxamento – no final da expiração – para os quadris. No terceiro movimento deve-se encolher corretamente o abdômen.
Os erros que se cometem nesse exercício básico do Hara são os seguintes:

  • Não se descontraem os ombros, mas deixa-se que eles caiam;
  • Não soltamos, mas pressionamos os ombros para baixo;
  • Descontraímos os ombros mas não nos concentramos na bacia;
  • Não deixamos o abdômen dilatar-se relaxadamente, mas empurramos a barriga para fora;
  • Deixamos tensa a região estomacal, em vez de deixá-la à vontade.

A consciência correta da postura é aquela entendida como uma “postura” pessoal.
O solo sustenta. Podemos nos instalar nele, porque ele sustenta. Devido a isso, podemos nos descontrair. Instalarmo-nos no solo significa “entregarmo-nos” à “Mãe-Terra”, que nos liberta dos bloqueios e tensões, pressupondo que nos entreguemos completamente a ela e nela nos firmemos.
A postura ereta não é um produto da vontade, mas acontece automaticamente quando temos Hara.
No modo de sentar bem como no de ficar de pé ou de andar, o Hara é uma força da direção central inferior em que é dissipada toda a vontade própria, surgindo uma forma que não é criada, mas nasce organicamente dessa centralização.
O que significa “sentar-se como exercício”? Significa:

  1. Exercitar a postura correta de sentar;
  2. A confirmação dessa postura sempre e onde for sentar;
  3. O sentar como exercitium.

Só uma coisa é importante: os joelhos devem estar abaixo do osso ilíaco. Com os joelhos erguidos é impossível deixar que a força do centro se introduza no ventre.

Exercício de posicionar-se no centro vital: Cruzamos os braços sobre o peito e balançamos no ritmo da respiração, para frente e para trás. Sentimo-nos como se fôssemos um João-bobo que, graças à sua barriga redonda de chumbo, sempre volta pra a posição vertical, balançando novamente a cada inclinação. Deixamo-nos balançar bastante para a frente e para trás, diminuindo as oscilações pouco a pouco – sempre atentos à conservação da postura vertical, até alcançarmos o ponto no qual o movimento pára automaticamente. Esse é o ponto “exatamente correto”, nem muito para a frente nem muito para trás. Encontrando esse ponto, sentimos no ventre inteiro um balanço misterioso, agradavelmente tranqüilo, uma vida maravilhosa. Logo não se sabe mais se ela depende da respiração ou da pulsação. Isto não importa; decisivo é sentir essa quantidade prazerosa da vida que oscila em si mesma. E agora a prova contrária: se nos deixarmos desabar um pouco nessa posição (voltando a velha postura incorreta) e nos mantivermos calmos, então nota-se a diferença. Sentimo-nos sem vida, mortos. O mesmo acontece quando se chega ao extremo oposto – peito para fora, barriga para dentro – a postura do big boss! Mortos também! Então existe entre duas posturas erradas só um lugar no espaço, de liberdade mínima, no qual essa vida misteriosa será sentida. É a postura correta de todos os pontos de vista.
Para pessoas que passam a vida sentadas o exercício produz aquela forma de sentar que corresponde às exigências tríplices do ventre: serve à saúde, à forma perfeita e à transparência (livre do pequeno ego e concentrado adequadamente em todos os papéis).
No que se refere ao sentar-se, apresenta-se naturalmente a questão: é impossível recostar-se ao sentar-se com o Hara, ou seja, deve-se em princípio evitar apoiar-se? De forma alguma! Quem domina o Hara preserva tanto ao inclinar-se para frente como ao inclinar-se para trás.
A prática de sentar-se como exercício do Caminho não tem apenas o centro de gravidade correto como condição, mas é ao mesmo tempo o “relaxamento tenso” correto e a respiração correta. Porém, ambos devem ser praticados também em separado.

Contração – Relaxamento – Tensão

Sempre que, por qualquer motivo, a vida pára, chega-se a um endurecimento, e quando essa rigidez atinge a pessoa, cria-se um bloqueio no caminho interior.
Existem inúmeras tensões de resistências. Elas surgem por toda parte, onde quer que o homem se apegue a algo. Assim ele se contrai para manter determinada posição, para conseguir realizar um determinado desejo, por medo, para dominar determinada agressão, devido aos seus ressentimentos, convenções ou necessidades impulsivas, etc.
Somente quando o homem aprende a se estabelecer no seu centro com um gesto de confiança ininterrupto e consciente e entregar-se com fé, é que ele se sentirá relaxado, isto é, perderá o medo.
O completo “relaxamento profundo” significa o mesmo que abandonar a preocupação pessoal e deixar-se acolher pela essência. Quem consegue fazer esse gesto confiante de descontração sentirá de uma só vez que o medo desaparece.
O Exercício de relaxamento, entendido como exercício do Caminho, diz respeito, não à musculatura do corpo, mas ao ventre no qual o homem se instalou e se manteve como um ego que de algum modo se conserva. O exercício de distensão tornar-se-á logo totalmente exigente, pois ele significa então a libertação do homem das posições fixas, que o impedem de sentir com o ser, porque nelas se expressa a centralização unilateral do verdadeiro ego mundano que se expressa e se fortalece cada vez mais. Mas, para que o praticante esteja preparado para se desligar do seu ego e relaxar até que a unidade básica desabroche nele e ele se senta capaz de provar sua significação transcendente, uma “qualidade” por assim dizer específica, e de perceber o outro em que toca, ele é capaz de levar a sério como promessa e como dever a realização de uma determinada forma.
No completo relaxamento chega-se a uma incapacidade momentânea de movimento. Isso significa, por um lado, que a tensão – condição para a reação aos impulsos da vontade – abandonou os tecidos, e que, por outro lado, o ego mundano, sob cujo domínio, normalmente, todo homem se encontra, se integrou na totalidade.

O exercício da respiração

O exercício da respiração se realiza em três etapas:

  1. A primeira trata-se da conscientização, correção e prática da respiração física, a serviço do ego elementar e da sua saúde. Ele percebe a sua respiração como algo que “existe”, e olha-a como uma função que se pode retirar do contexto da totalidade e a que ele tem de prestar atenção.
  2. A segunda trata-se da conscientização, da correção e prática da respiração “pessoal”. Este exercício está a serviço da alteração entre a autoconfiança e a auto-entrega destinadas à preservação da personalidade. O praticante percebe a si mesmo na respiração. Com a personalidade forte ele deve ser capaz de se impor no mundo, de se tornar prático e de amar desinteressadamente. De nada adianta, do ponto de vista pessoal, por exemplo, descontrair tecnicamente (por massagem) a tensão na clavícula e na omoplata; o que se deve aprender naturalmente a descontrair são essas partes. Demora um bocado até que o praticante aprenda que a respiração errada se associa a uma postura errada; que não é o seu corpo que respira errado, mas que ele é que está errado, isto é, como pessoa, ele não está em boa forma.
  3. A terceira etapa trata-se de uma conscientização e do exercício da respiração a serviço da nossa relação com a transcendência, ou seja, a constituição na qual o praticante se torna transparente como pessoa, revelando o Ser presente na sua essência.

A respiração correta, quando transcorre bem, não é intencional mas vem e vai inteiramente por si mesma, sem a contribuição consciente ou inconsciente do ego.
A primeira coisa que se deve aprender é deixar que a respiração aconteça! Isto é muito mais difícil do que se pode imaginar. A tensão de alerta espontânea do ego é difícil de relaxar.
Trata-se de um longo caminho até que o homem aprenda conscientemente a respirar bem, isto é, a deixar a respiração natural plenamente livre. No exercício de respiração, o homem compreende pela primeira vez um conceito valioso muito antigo: como se toma conhecimento da vida vivendo como se não vivesse e “fazendo, sem fazer”.
Cada terapia respiratória, assim como cada exercitium de respiração, deve começar com a fixação no centro de gravidade correto.
No exercício da respiração o homem vê nas três etapas do seu desenvolvimento coisas diversas.
Convém não tornar objetivamente consciente a vida que se manifesta na respiração e nas suas ordens rítmicas, mas interioriza-se como um movimento vivo que faz parte de si próprio, que é, portanto, a própria pessoa que respira.
Em todo exercício para o caminho e em todas as etapas não se trata da eliminação da forma errada, mas da conquista da forma correta. Na primeira etapa, isso significa que substituir-se o bloqueio da respiração, contraída na parte superior por uma inspiração livre, só é possível graças à total expiração. O significado da expiração está na inspiração. Ao expirar totalmente o ar, ele aprende a dar à inspiração o devido lugar.
Na segunda etapa do exercício, o homem aprende a se libertar de uma forma de existência errônea. Ele descobre a forma correta com a expiração e a inspiração completas e livres, refletindo a disposição de uma abertura para o mundo.
Na terceira etapa ele já respira no ritmo do ser e do deixar de ser. A adoção consciente do ritmo entre o estado da consciência clara do dia e a escuridão da vida que predomina no inconsciente é um passo adiante no caminho rumo à transparência. Isso também requer confiança no exercício. Quando conquista o verdadeiro centro do Ser, o praticante percebe que ele não só se sente salvo numa existência mais livre no mundo, mas que deve se comprometer de uma nova maneira com a vida. Ele sente o impulso de uma nova consciência. A verdadeira experiência do Ser essencial está ligada inseparavelmente ao despertar de uma consciência do Ser essencial. E, na terceira etapa, todo progresso no exercício é fruto dessa consciência.
Quando a respiração alcança a profundidade da essência, o homem não só vê como um clarividente o seu Eu Superior, mas testemunha aquilo a que se entregou.
O que, então, as três etapas da respiração têm a ver com o Hara? Nada mais nada menos do que o fato de cada etapa só ter sentido à medida que o homem se liberta do retraimento no seu espaço pessoal e vai de encontro ao seu centro vital.
O exercício da respiração transforma-se em Exercitium quando o movimento de mutação por ele referido for praticado conscientemente “em eternas repetições”. Esse exercício encontra suas condições favoráveis naqueles exercícios em silêncio nos quais não é um objeto determinado que é o foco de concentração, mas em que a consciência se torna cada vez mais livre de conteúdos, isto é, torna-se vazia – na verdade, porém, totalmente consciente do fenômeno da respiração e do movimento de mutação nela contidos.
O exercício sai do estágio da concentração na respiração e passa para a meditação através da respiração. Meditação vem de “meditari”: ser levado para o centro.

Os exercícios do sentar em meditação podem ser executados como segue:

Se adotar a posição sentada correta, o praticante fecha os olhos e se concentra e registra sua respiração interior. Ao fazer isso, no início, ele é muitas vezes interrompido ou se “desloca” espontaneamente para cima. Trata-se de efeitos do ego que se concentra objetiva e inconscientemente. Quanto mais o praticante consegue adaptar-se no “deixar fluir” e aprende particularmente a evitar acrescentar algo à inspiração, aquele ego se retira. A melhor maneira de se introverter é aquela em que, com certa admiração ou, por assim dizer, com um “prazer desinteressado” se registra simples e continuamente que existe algo “lá embaixo” que vai e vem, vai e vem automaticamente e sem interferência. Depois de uns instantes, o praticante – porque ainda está concentrado “demasiadamente na parte superior” – pode resvalar um pouco para baixo na expiração – relaxando e sem dobrar-se – e concentra-se na bacia. Com isso o ritmo da respiração dá ênfase à expiração e mostra-se logo, numa relação de mais ou menos três por um. É então que se pode passar conscientemente à realização de cada fase da respiração, como uma etapa de transformação pessoal. No início da expiração está a descontração; no final da expiração está a fixação no espaço de tempo que decorre entre a expiração e a inspiração; à inspiração pertence o sentir-se revigorado.
O ponto crucial deste exercício é a terceira etapa, a de unificação com a essência. Aqui se realiza o ponto de mutação. Nela experimentar-se-á a completa entrega do ego e a libertação de forma antiga. Porém, a submersão no “único” já provoca o aparecimento da essência e, ao emergir, cresce a forma que lhe é adequada. Entre essência e criação da forma está a morte. Da profundeza que se atinge no processo de dissolução depende o teor da mudança. Esse “ponto” entre a morte e o desabrochar – talvez um centésimo de segundo – pode ser um encontro infinito e desalentador com as forças da profundeza, tanto com as sombrias como nas luminosas, mas também pode ser a experiência de uma força cósmica, de uma abundância ofuscante das amplitudes infinitas. Não há dúvida de que o enraizamento no centro do ventre que o homem é como essência terrestre, deixa-o experimentar contínua e novamente o segredo da origem e das mudanças. Pois o sentido da descida à terra sombria é uma elevação para a luz. Somente com a mudança para o movimento ascendente é que o movimento de mutação mostra os seus frutos: o renascimento da nova forma, que se aperfeiçoa na ascenção.
O ritmo varia, dependendo do nível do exercício e do seu significado particular.
O exercício da respiração, realizado como exercício do silêncio é um exercício entre muitos. Suas variações são inúmeras, especialmente ligadas ao murmúrio de sons. O exercício mais conhecido é murmurar a sílaba “Ohm”. Logo que se acrescenta “Ohm” ao exercício, verifica-se uma mudança progressiva de toda a postura, através da qualidade dos sons. Se o som vem do centro correto, ele adquire um caráter transcendente e não se conhece a sua “procedência”.
O homem como um todo parte em cada exercício que faz. Por isso, a respiração, a postura e a “tensão” não podem ser separadas. Em nenhuma das três existe progresso se as duas outras não a “acompanham”. O exercício da respiração também só pode ser realizado corretamente, como exercício de mudança pessoal, quando a postura correta é mantida, graças à força de gravidade no meio do abdômen, e quando toda a contração é anulada.

O homem com Hara – O Hara como energia do mundo

O homem com Hara não se desgasta. Quanto mais aprende a concentrar-se no Hara, mais e mais ele consegue extinguir as perturbações do corpo e da alma que se apóiam no fascínio pessoal e abrir caminho às forças regeneradoras essenciais.
“Ki” é a energia universal da qual participamos na essência. Deve-se aprender a senti-la no Hara e “permitir que flua”, diferentemente da força da vontade, que “se impõem”!
Sempre que se realiza um esforço físico com uma postura correta do Hara, isto é, com o “centro ligado”, todos os órgãos trabalham em função de um todo, ludicamente, com precisão e sem esforço. Quem não tem nenhuma postura do ego também não oferece nenhum alvo ao agressor.
O homem que possui Hara também consegue esperar. Ele tem paciência em todas as situações e sempre tem tempo. Pode sossegadamente observar e não tem de atacar imediatamente quando algo o desagrada.
O homem que tem Hara é sereno. O Hara tem assim um significado salutar para qualquer forma de “nervosismo”. É como se a paz entrasse no corpo. Trata-se de uma paz interor.
Pelo fato de não depender do julgamento do mundo, ele se entrega ao mundo sem se importar com a impressão que causa, pois sua autoconsciência se fundamenta no Hara.
Todo verdadeiro poder aparece no final quando se deixa que as coisas aconteçam, isto é, quando se deixa aflorar o que se sabe. O poder, porém, é bloqueado, quando se acredita que se deve constante e obrigatoriamente demonstrá-lo. Todo nervosismo é expressão de um medo que domina o homem em situações que ele não consegue resolver. Com medo, o homem torna-se tenso e impede o fluxo do poder. Permitir que o poder se manifeste equivale a desapegar-se do ego que “controla”.
Em todas as falhas humanas e nas situações decisivas, existe algo em comum: a falta de uma serenidade confiante. Não pode haver serenidade quando o ego está preocupado com sua posição e quer fazer tudo sozinho no intuito de dominar.

Retrospectiva e perspectiva

O caminho para o ser interior se fundamenta em três fatores:

  1. A experiência em que a luz do Ser ilumina a escuridão da existência.
  2. A percepção da relação entre essência mundana e a transcendental, distinguindo entre o estado que impede o acesso a esse Ser e o estado correto que possibilita a entrada à vida, assim como o reconhecimento dos níveis de transformação que levam à forma superior do homem.
  3. A prática, o Exercitium que destrói a constituição errônea ligada ao predomínio da essência mundana e que constrói a constituição essencial adequada à Vida.

O Hara significa o centro de gravidade correto.
A constituição total humana aparece na postura, na relação entre tensão e relaxamento, e na respiração. A “postura”, a “tensão” e a “respiração” nunca significam algo simplesmente físico, mas são fórmulas de vida que se manifestam na atitude corporal, espiritual e mental. Isso justifica a possibilidade de se recuperar por meio delas o homem como um todo. Pois, vendo-se no corpo a maneira de a pessoa se apresentar ao mundo, cada mudança na sua maneira de ser significa um aperfeiçoamento pessoal – mas apenas quando se pensa no homem, e não no corpo.

domingo, 26 de agosto de 2007

Koshi Nage

Projeção pelo quadril.
Koshi Nage é uma técnica um pouco difícil de treinar, pois exige um pouco mais do uke que tem de executar a queda de uma altura da qual não está acostumado a fazê-la. Se o uke tiver medo de cair ele não atacará com sinceridade e vai "travar" o movimento. Assim é sempre bom começar a técnica sem projeção.
Pode-se aproveitar esse tipo de treino (sem projeção) para verificar o correto posicionamento do uke antes da projeção que deverá ser na região lombar (altura da faixa) transversalmente aos quadris e não sobre as costas do nage.
O quadril do nage deverá estar um pouco abaixo do quadril do uke. Para isso deverá flexionar bem os joelhos e manter a coluna reta. Ajuda se você não baixar o olhar. Manter o olhar para frente (ou para cima).
Deve-se ficar o mais próximo possível do uke (grudado). Qualquer espaço entre os quadris do nage e do uke fará você fazer muita força (o uke ficará pesado) e você não conseguirá executar a técnica.
Como nessa técnica o nage fica muito próximo do uke, este (uke) deverá estar muito desequilibrado (fora do eixo) para você entrar na posição de projeção.
Basicamente a posição dos pés do nage deverá ser de 90° ou 45° em relação ao uke. Suas pernas deverão estar paralelas e os seus calcanhares próximos.

Em algumas técnicas o nage deverá entrar varrendo (barai - varrer), onde o quadril deverá ocupar o espaço do quadril do uke.
Em outras técnicas projeta-se o uke pra o lado e não para frente. Aproveitando o movimento de giro (tenkan) para isso (amplia o movimento e o uke fica muito mais leve)

Quando uke, você pode aproveitar o treino para perder esse medo de cair. Seguindo algumas dicas a queda ficará fácil. Quando"sobrar uma mão" agarre o dogi do nage. Caia com as pernas separadas e nunca utilize o braço para se apoiar na queda.

Você poderá agarrar o ombro do nage ao invés da gola do dogi, isso ajuda na queda e não desarruma o dogi do nage.

sábado, 25 de agosto de 2007

Nikyo (kote-mawashi – torção (circular) do pulso)

Pulso do uke dobrado a 90º em relação ao braço.
Para aplicar o Nikyo deve-se relaxar os ombros (ombro tenso, força no movimento).
Visualizar “chuveirinho” energia saindo pela ponta dos dedos.
Jamais solte ou “afrouxe” a tensão da pegada, principalmente no nikyo ura.

A aplicação do nikyo, quando o uke cair no chão, fique em uma posição lateral e prenda com a sua perna a perna do uke.